| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

De setembro e novembro de 2016, última medição da consultoria Nielsen no segmento, só a cachaça tem motivos para brindar. O aguardente de cana registrou aumento de 0,6% em volume, na comparação com os mesmos três meses de 2015. Não é pouco, se comparado ao tombo registrado pelos outras bebidas da categoria. Em uísque, a queda foi de 8,3%; em conhaque, de -4,3%. O impacto negativo foi atenuado na vodca, com recuo de 1,8%. O gim, com presença restrita no mercado, ainda não tem aferição da empresa.

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“O mercado de uísque e vodca foi duramente afetado pela crise. Em 2013/2014, uísque crescia dois dígitos. A partir de 2015, inverteu esse movimento, com retração de duplo dígito. Essa queda é consequência do preço alto da bebida, em sua maioria importada, suscetível à variação cambial e sujeita ao regime de substituição tributária (na cobrança de ICMS) ”, explica Jamerson Alves, executivo de atendimento da Nielsen.

A vodca seguiu caminho parecido, mas em um ritmo de queda mais lento que o registrado pelo uísque. É que o mercado de vodca é diversificado, com maior oferta de produtos mais baratos, do pequeno ao grande varejo. Isso permite ao consumidor fazer o chamado trade-down, optando por marcas mais baratas do que aquela que costuma comprar.

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“Já cachaças têm preço bem mais acessível. Assim, na crise, inverteram a queda que apresentavam nos últimos anos, passando a crescer. O preço da dose nos bares é muito baixo”, conta Alves.

Cerveja dribla crise

Pesa ainda contra os destilados, o fato de serem bebidas que dependem fortemente do consumo fora do lar, que freou com a crise.

“A cerveja (bebida alcoólica de outra categoria) conseguiu driblar esse problema fazendo as pessoas consumirem o produto dentro de casa. Mas os destilados não conseguiram se beneficiar tanto desse movimento ” , diz o executivo da Nielsen.

A cerveja, continua ele, teve um movimento atípico, refletindo pesados investimento da indústria em mídia, promoção e novos produtos. O entrave para os destilados é que é difícil convencer o consumidor a fazer o trade-up, ou seja, optar por um produto equivalente de preço mais alto:

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“Para passar da vodca mais básica para uma mediana é preciso pagar o dobro. No uísque, o triplo. Daí o esforço para driblar a crise com promoções.”

O gim é exemplo de bebida que vem nadando contra a corrente, ganhando posições ao investir na qualificação da bebida. Como é um destilado premium, contudo, a expansão em resultado ainda é restrita ao circuito de bares e restaurantes voltados para a classe A.

Para Alves, há duas opções para as empresas de bebidas contornarem a queda de consumo: fazer descontos ou investir em inovação e promoção de produtos.

“Quem oferece inovação em bebidas e experiência de sabor está sendo bem-sucedido, apesar da crise. A mixologia e a oferta de novos sabores democratiza e incentiva o consumo. São alternativas para a indústria avançar no cenário atual. O gim está nessa rota.”