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Energia

Recessão será teste para etanol brasileiro

Frentista abastece táxi no Vietnã com álcool brasileiro: cenário mais difícil para negociar o fim de barreiras tarifárias. | Hoang Dinh Nam/AFP
Frentista abastece táxi no Vietnã com álcool brasileiro: cenário mais difícil para negociar o fim de barreiras tarifárias. (Foto: Hoang Dinh Nam/AFP)

A crise norte-americana pode jogar um balde de água fria nos planos do Brasil de elevar as exportações de etanol de 3,6 bilhões de litros para 15,7 bilhões de litros até 2011. A esperada redução do consumo mundial pode, além de diminuir a demanda, dificultar as negociações para a queda de barreiras tarifárias. Para especialistas, será mais um teste para o produto brasileiro, que viveu sob fogo cerrado até meados deste ano, acusado de reduzir a oferta de alimentos. "O principal desafio hoje para o Brasil é superar o protecionismo nos Estados Unidos e na Europa. Em tese, poderemos enfrentar um cenário mais difícil a partir de agora", admitiu Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

McCain versus Obama

Nos EUA, o etanol brasileiro paga uma sobretaxa de US$ 0,54 por litro e 12% sobre o preço. Na Europa, a barreira chega a 19,20 euros por litro, o que faz com que o álcool combustível brasileiro – embora tenha um custo de produção 50% menor – tenha preço similar ao europeu. Segundo Szwarc, após o fracasso da Rodada de Doha, o governo brasileiro vai esperar as eleições presidenciais nos EUA para definir qual a postura que vai adotar nas negociações. "O candidato republicano John McCain já disse que é favorável à liberação do mercado. Os democratas, no entanto, são tradicionalmente mais protecionistas. E teremos também que ver como será a renovação do Congresso", disse ele, logo após participar, ontem, da feira e conferência Rio Oil & Gas, que termina amanhã no Rio de Janeiro.

A expectativa do Brasil é elevar a produção de etanol de 22,5 bilhões de litros na safra 2007/2008, para 46,9 bilhões de litros em 2015/16 e chegar a 65,3 bilhões de litros até 2020/21. São Paulo é hoje o maior produtor de cana-de-açúcar e etanol, seguido pelo Paraná.

Inversão

Para o presidente da Datagro, Plínio Nastari, o rápido avanço da produção de etanol deve provocar uma inversão no mercado. Ao contrário do que ocorre hoje, as cotações desse segmento devem passar a influenciar as do açúcar no mercado global. O analista também prevê uma pulverização maior da produção, hoje concentrada principalmente entre Estados Unidos, que tem previsão de produzir 30 bilhões de litros, e Brasil (26,7 bilhões de litros na safra 2008/09). Szwarc, da Unica, também projeta a entrada no mercado nos próximos anos de uma nova geração de etanol, a partir de matérias-primas como celulose, lixo doméstico e resíduos industriais.

Motocicletas

Se no mercado externo o cenário aponta para mais dificuldades para o etanol, no Brasil a previsão é que esse setor dê um novo salto a partir do próximo ano com a entrada no mercado das motocicletas flex fuel (que podem rodar tanto a álcool quanto a gasolina). O modelo já vem sendo testado por montadoras como Honda, Sundown e Yamaha. "O consumo de três motos equivale ao de um automóvel. Vamos crescer nos dois segmentos", completa Szwarc. A previsão é que a participação dos veículos flex fuel na frota de veículos passe dos atuais 26% para 50% até 2012.

A repórter viajou a convite da Petrobras.

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