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Caso brumadinho

Reconstruir a credibilidade e mostrar que é lucrativa: os desafios da nova diretoria da Vale

Eduardo Bartolomeo, CEO interino da Vale | Marcello Bravo/Vale
Eduardo Bartolomeo, CEO interino da Vale (Foto: Marcello Bravo/Vale)

Um duro desafio aguarda a nova diretoria da Vale depois das tragédias de Mariana, em 2015, que resultou em 19 mortes e de Brumadinho, de janeiro, que até agora resultou em 182 mortes e 122 desaparecidos: a reconstrução da credibilidade de uma das maiores mineradoras de ferro do mundo. E também terá de mostrar que é lucrativa.

“Dois eventos catastróficos mostraram que a empresa não seguia políticas de segurança”, diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. O resultado foi que, em questão de dias, a empresa perdeu mais de 25% de seu valor de mercado. Desde o pico nos últimos 12 meses, registrado em 25 de setembro, as ações da Vale caíram 22,7% na B3. 

 Fábio Schvartsman pediu seu afastamento do comando da empresa, junto com outros três diretores: Gerd Peter Poppinga (diretor-executivo de ferrosos e carvão), Lucio Cavalli (diretor de planejamento e desenvolvimento de ferrosos e carvão) e Silmar Silva (diretor de operações do corredor Sudeste). A medida vale até 26 de maio. A XP avalia que é improvável o retorno deles ao cargo. 

 O afastamento dos diretores se deu após recomendações feitas na sexta-feira pelo Ministério Público Federal, Ministério Público de Minas Gerais, Polícia Federal e Polícia Civil de Minas Gerais.

 No lugar de Schvartsman assume interinamente Eduardo Bartolomeo. Ele tem 10 anos de experiência na Vale, onde já atuou como diretor-executivo de operações e logística e de metais básicos. 

 “Inicialmente, o mercado estava receoso com o nome - e isso explica a queda dos ADRs na Bolsa de Nova York no começo da semana. O mercado quer alguém que traga excelência não só nas operações, como também nas finanças. Mas no final das contas, a Vale trouxe uma boa notícia para o mercado”, aponta Álvaro Frasson, analista da Necton Investimentos 

 Segundo a empresa, a escolha está alinhada com o objetivo de “trazer um executivo sênior para garantir estabilidade às operações da Vale e dar continuidade ao processo de indenização, reparação e mitigação dos efeitos do rompimento da barragem.” 

 O principal papel de Bartolomeo será o de costurar um acordo com os atingidos pela ruptura da barragem de Brumadinho. “O objetivo dele é o de virar a página e dar novos rumos à empresa”, diz Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos. 

Segundo ele, o nome do executivo e sinaliza uma tendência à estabilização. Nesta quarta, as ações da Vale fecharam em alta de 2,8%. 

 Bartolomeo também precisará pôr fim às incertezas operacionais e legais, permitindo que a companhia volte a focar nos seus negócios e o mercado quantifique o risco. “O principal será convencer investidores e comunidade de que vai tomar as medidas necessárias e suficientes”, destava Silveira, da Nova Futura. 

 Atualmente, a empresa está com a capacidade de produção de 70 milhões de toneladas de ferro paradas, das quais 40 são voluntárias. O restante se deve à suspensão temporária da licença do complexo de Brucutu (MG). 

 A expectativa é de que a volatilidade nas ações da Vale continue nas próximas semanas, aponta Silveira. “A Vale vai enfrentar, daqui para a frente, uma série de questões: demandas judiciais, atendimento às famílias afetadas, problemas nas bacias hidrográficas e se entender com os investidores.”

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