Com mais de 75 mil vagas abertas em todo o país em junho, principalmente no Nordeste e no Sudeste, a agropecuária foi o setor que mais contratou no mês. Outros setores, no entanto, já reduzem o ritmo| Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo

Geração de vagas formais já está menor

Depois de abrir cerca de 252 mil vagas formais em maio, o Brasil gerou 215 mil empregos com carteira assinada em junho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Além de ser menor que o do mês anterior, o resultado também ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2010 – quando haviam sido geradas 257 mil novas vagas – e do recorde para o mês, alcançado em 2008 (345 mil vagas).

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A taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geogra­fia e Estatística (IBGE) recuou para 6,2% em junho, o menor patamar para o mês desde o início da atual série histórica, em 2002. Em maio, o índice havia ficado em 6,4%. O rendimento médio dos trabalhadores, por sua vez, subiu 0,5%, chegando a R$ 1.578,50 no mês passado.

Na região metropolitana de Curitiba, a pesquisa do Instituto Paranaense de Desen­volvimento Econômico e Social (Ipardes), que segue a metodologia do IBGE, também apontou para a menor taxa de desocupação da história para o mês de junho (4,1%) e para um rendimento médio que fica apenas um pouco abaixo do apurado na Grande São Paulo.

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Apesar dos bons resultados, há sinais de que o desempenho do mercado de trabalho pode não ser tão forte nos próximos meses. É o que indicam, por exemplo, os dados do mercado formal de trabalho, divulgados ontem (veja texto nesta página).

Segundo especialistas, a política de controle da inflação, que mistura juros altos e restrições ao crédito, deve influenciar diretamente a geração de novos postos de trabalho no curto prazo. As 73 mil vagas perdidas no comércio e as 46 mil subtraídas do grupo outros serviços (alimentação, hospedagem e turismo, entre outros) nas seis regiões metropolitanas que compõem a pesquisa do IBGE (Recife, Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) seriam os primeiros indícios desse movimento. No médio e no longo prazo, o que deve frear o crescimento do país – e, portanto, a geração de empregos – é a falta de uma política de investimentos e de desoneração que freia o crescimento do país.

Sem qualidade

"Se vermos os números apenas com olhos quantitativos está tudo ótimo. Mas, se observarmos que a maior geração de trabalho ainda está em funções que não exigem qualificação e que pagam pouco, aumentando a rotatividade, ve­­mos que o Brasil ainda está longe de uma economia sustentável", avalia Ruy Quintans, professor do Ibmec-RJ.

Segundo o economista Gilmar Mendes Lourenço, diretor-presidente do Ipardes, o cenário atual do mercado de trabalho é de desaceleração, mas não de recuo. "Os empresários sabem que a política de juros e contenção da inflação tem um prazo. Sabem que não têm por que demitir agora se, no fim do ano ou início de 2012, precisaram novamente de mão de obra", explica.

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Longo prazo

Os dois analistas lembram que sem as reformas tributária, fiscal e trabalhista, que há tempos são pedidas pelo setor industrial, a economia simplesmente não vai crescer mais que 4% ao ano. A taxa de investimentos do país está em cerca de 18% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 25% tidos como necessários para sustentar uma expansão do PIB de 5% ao ano. Ao mesmo tempo, a carga tributária do país passa de 35% do PIB, contra uma média de 25% dos países emergentes. "Só mudanças profundas, como a redução dos impostos e da taxa de juros, é que farão o país crescer a patamares maiores", frisa Lourenço.