O auxiliar de lavanderia Leandro Vendramini ganhou há dois meses a primeira assinatura na carteira de trabalho| Foto: Marcos Labanca/ Gazeta do Povo

Inflação corrói aumento da renda

A renda média real do trabalhador brasileiro em dezembro do ano passado, que mostrou queda de 0,7% contra novembro de 2010, foi "corroída" pelo avanço da inflação, nas palavras do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo. "A inflação, de certa forma, funciona como uma espécie de barreira ao crescimento do rendimento do trabalho", afirmou. Não fosse o cenário de inflação mais elevada em 2010 – o Índice de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA) fechou com alta de 5,91%, ante 4,31% em 2009 –, a renda do trabalhador poderia ter apresentado um avanço mais expressivo.

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Veja a taxa média de desemprego nos últimos 8 anos
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Em vários aspectos, o ano de 2010 foi o melhor momento do mercado de trabalho brasileiro em pelo menos oito anos. Mas os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que ainda há muito por avançar.

A taxa de desemprego recuou de 5,7% para 5,3% de novembro para dezembro. Com isso, o ano terminou com um desemprego médio de 6,7%, o mais baixo da nova série histórica, iniciada em 2002 e cujos dados anuais começaram a ser apresentados em 2003.

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Outra boa notícia foi o crescimento da formalização. De 2009 para 2010, o total de trabalhadores com carteira assinada subiu 7,2%. Dentro do universo de 22 milhões de empregados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas (a de Curitiba não está entre elas), quase a metade, 46,3% do total, tinham carteira assinada em 2010.

O porcentual é o maior da série e está bem acima do observado sete anos antes (39,7%); além disso, a participação dos trabalhadores formais no total de ocupados bateu recorde em todas as atividades econômicas e em todas as regiões pesquisadas. O problema está no outro lado desse indicador – 57,3% das pessoas, ou seja, mais da metade, ainda estão na informalidade.

Para o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo Pereira, "a formalização é um processo contínuo e está ligado à maior fiscalização do Ministério do Trabalho, à expansão da economia nos últimos anos e ao aumento da oferta de trabalho em setores mais formais".

Alguns setores, porém, mostram pouco avanço na formalização dos empregados. "Ainda resta um contingente muito expressivo de trabalhadores na informalidade", disse Azeredo. Exemplo disso é a construção civil, em que a formalidade abarcou, em 2010, apenas 36,8% dos trabalhadores. Entre os setores que quase não mostraram evolução nesse aspecto está o de serviços domésticos, cujo índice de formalidade quase não cresceu, passando de 35,3% para 37,4% de 2003 a 2010.

Paraná

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De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, que compila apenas as vagas formais, o número de novos postos de trabalho com carteira assinada no Paraná saltou de 69.084 em 2009 para 154.014 no ano passado, o maior da história. Boa parte desse aumento foi provocado pelo setor de serviços, responsável por cerca de um terço das vagas abertas.

Em Foz do Iguaçu, o incremento no turismo – consequência, também, do aquecimento do mercado de trabalho – estimula novas contratações. Há dois meses empregados no Hotel Rafain Palace, os auxiliares Luciana Ferreira, de limpeza, Ladair Bachmann, de serviços gerais, e Leandro Vendramini, de lavanderia, comemoram a primeira assinatura em suas carteiras de trabalho.

Vindos da informalidade, os três foram absorvidos pelo setor que mais cresce na região, e agora celebram a segurança da formalidade. No último ano, somada a renovação e a ampliação do quadro de funcionários, o hotel registrou 68 novas contratações. Ao todo, quase 2,3 mil pessoas foram contratadas pelo setor de serviços em Foz no ano passado, mais da metade do crescimento do mercado de trabalho da cidade.