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Comércio exterior

Recorde, exportação do agronegócio poderia ser maior se não fosse a falta de contêineres

(Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo)

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As exportações brasileiras do agronegócio atingiram um recorde de US$ 50,2 bilhões nos cinco primeiros meses do ano, um crescimento de 21,9% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura. E os números poderiam ser maiores se não fosse um problema: a falta de contêineres.

“Há uma lentidão no despacho de contêineres e isto preocupa”, diz o gerente de agronegócio do Itaú BBA, Guilherme Bellotti. Isto impacta no custo dos fretes marítimos que, em um ano, ficaram 280% mais caros, de acordo com dados da Bloomberg.

Uma das atividades mais atingidas pelo problema, segundo o “Canal Rural”, é a avicultura gaúcha. A Organização Avícola do Rio Grande do Sul (OARS) estima que as indústrias do segmento estão escoando 40% do fluxo normal de exportações. O problema também foi registrado, pontualmente, por frigoríficos de bovinos.

Outra atividade que está sendo impactada é a fruticultura. As exportações estão em alta e já atingiram US$ 422,3 milhões entre janeiro e maio, 28,7% a mais do que nos mesmos meses de 2020. Mas poderiam ser maiores se não houvesse carência do equipamento, que também é disputado por exportadores de carne.

Pandemia, bloqueio do canal de Suez e custo do aço afetaram oferta de contêineres

O diretor comercial da Maersk para a Costa Leste da América Latina, Douglas Piagentini, disse em entrevista no mês passado que a pandemia causou um desbalanceamento na oferta e demanda de contêineres, que foi agravada pelo bloqueio, em março, do canal de Suez, que faz a ligação entre o Mar Vermelho e o Mediterrâneo. A expectativa é de que a situação se normalize até o fim do ano.

“No ano passado houve um abre e fecha de mercados, com menos funcionários trabalhando nos portos. E, globalmente, houve uma queda de 40% na entrega de novos contêineres no ano passado”, diz o executivo. Essa retração também é atribuída à pandemia. Outro fator que impactou negativamente foi a alta nos preços do aço, matéria-prima para a fabricação do equipamento.

"O atual reabastecimento nos Estados Unidos e na Europa aumenta a procura [por contêineres], enquanto as medidas globais para conter a pandemia causam grande tensão em toda a cadeia de abastecimento, devido à falta de navios, capacidade de contêineres bem como uma produtividade significativamente reduzida nos portos, armazéns e terminais terrestres”, informa a Maersk, que é uma das maiores transportadoras de contêineres do mundo.

Avaliação parecida é feita por Bellotti, do Itaú BBA, que acredita que haverá uma normalização no fornecimento de contêineres ao longo dos próximos meses.

A Maersk afirma que está trabalhando para mitigar o problema no curto prazo e utiliza todos os navios e todos os contêineres disponíveis enquanto trabalha com clientes e fornecedores para melhorar a reposição de equipamentos vazios.

Outros problemas que contribuem em menor grau para são o clima no Pacífico e o fechamento do terminal de contêineres de Yantian, na China, um dos maiores do mundo, por causa de um surto de Covid-19. “Isto têm afetado as operações em cada um dos navios que atuam deste continente para a América Latina em geral”, aponta, em nota, a empresa de navegação.

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