O trabalhador brasileiro vive numa eterna gangorra. Num ano, emprego em alta, contratações e horas extras. Isso foi em 2008. Em 2009, férias coletivas, demissões e o fantasma do desemprego. Para 2010, dizem os economistas, as boas notícias estarão de volta. Passada a "marolinha", a palavra escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir os efeitos da crise financeira no País, chegou a hora de recompor os estoques de emprego. A indústria, que foi golpeada duramente pelo turbilhão econômico, deverá dar um grande salto. A dúvida é se o nível de contratações de antes da crise se recuperará no primeiro ou no segundo semestre deste ano.

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Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas num universo de 1.122 indústrias de grande porte no País indica que nos próximos três meses só quatro setores sinalizaram empregar mais do que o fizeram no fim de 2007 e início de 2008. São eles: farmacêutico, celulose e papel, mobiliário e produtos diversos. No outro extremo, as áreas têxtil e química planejam demitir mais do que contratar nesse período, ao contrário do ritmo de antes da crise. Para a indústria em geral, aponta o estudo Sondagem Industrial, 2010 começa com viés de alta para o emprego, mas ainda num patamar menor do que o início de 2008.

O nível de uso da capacidade instalada da indústria está hoje em 83,8%. Em novembro de 2007, quando o País crescia num ritmo superior a 5%, esse porcentual era de 85,7%. Ou seja, a atividade ainda pode crescer sem bater de cara com os gargalos de produção. "O índice de confiança da indústria vem melhorando desde abril", acrescenta o coordenador-técnico da pesquisa, Jorge Ferreira Braga. Em outro estudo da FGV, no período que se estende de novembro a maio de 2010, 57,7% das empresas preveem que seus negócios vão melhorar, ante 2,6% que estimam piora. "A questão é que a geração do emprego tem sempre um retardo.

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Construção Civil

A recuperação da construção civil veio forte no primeiro semestre de 2009. Já em julho, o setor conseguiu recuperar as vagas perdidas após o início da crise. Segundo o Sindicato da Construção de São Paulo, que mapeia a atividade nacionalmente, 2010 contará com novo ciclo de investimentos, passando dos atuais R$ 476 bilhões para R$ 625 bilhões. Isso pode representar um aumento de 180 mil novos postos.

No campo, a perspectiva é de retomada da produção agrícola mundial e da demanda por alimentos, beneficiando os brasileiros. Nas contas da LCA Consultores, o agronegócio, cujo estoque de mão de obra gira em torno de 1,5 milhão de pessoas, deve contratar com carteira assinada até 52 mil trabalhadores, melhor marca desde 2004.