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A tragédia econômica e humanitária provocada pelas chuvas comprometeu a atividade econômica no Rio Grande do Sul e tende a desacelerar o PIB nacional. Os efeitos iniciais já são perceptíveis, como a diminuição na movimentação de cargas, resultante dos bloqueios nas estradas gaúchas e das adversidades enfrentadas pelas empresas. A médio prazo, espera-se um incremento no número de empresas em recuperação judicial, conforme indicam especialistas consultados pela Gazeta do Povo.
Luiz Rabi, economista sênior da Serasa Experian, relata que as empresas enfrentam dificuldades operacionais e que há escassez de empregos para a população. Esse cenário propicia o aumento da inadimplência e, consequentemente, o crescimento do número de companhias em situação delicada.
Rodrigo Gallegos, sócio da RGF Associados, consultoria especializada em estruturação empresarial, prevê uma postura mais receptiva da Justiça frente a essas adversidades, agilizando os processos de recuperação judicial. “Em meio à catástrofe, é imprudente negligenciar o aspecto social”, afirma.
Dados da consultoria apontam que, no primeiro trimestre do ano, 337 empresas estavam em recuperação judicial no Rio Grande do Sul, um aumento de 3,7% em comparação com o último trimestre de 2023. No Brasil, a elevação foi ligeiramente superior: 3,9%.
O Rio Grande do Sul ocupa a oitava posição entre os estados com a maior proporção de empresas em recuperação judicial. No primeiro trimestre, a taxa era de 2,36 empresas por mil, considerando apenas as sedes de companhias ativas de todos os portes. O índice gaúcho supera em 26,2% a média nacional. Os líderes do ranking são Goiás (4,87 por mil), Alagoas (4,53 por mil) e Pernambuco (4,24 por mil).
Os setores no Rio Grande do Sul com o maior número de empresas em recuperação judicial são: holdings de instituições não financeiras (21 ou 2,8 por mil), comércio varejista de combustíveis (17 ou 7,15 por mil) e transporte rodoviário de cargas (13 ou 3,42 por mil).