O volume de recursos da caderneta de poupança destinado ao financiamento da casa própria chegou ao montante recorde de R$ 1,32 bilhão em março deste ano. O volume financiado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no mês passado foi 116% superior ao oferecido no mesmo período do ano passado. O volume já vem batendo recorde ao longo dos últimos meses graças a uma combinação de melhora nas condições de financiamento com aumento na oferta.
De acordo com os dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 16.084 imóveis foram financiados em março no Brasil. O número representa quase o dobro do registrado em março de 2006. No primeiro trimestre, o total de unidades financiadas foi de 34,7 mil 70% superior ao registrado entre janeiro e março de 2006 (20,4 mil).
O volume de contratações acumulado neste ano é de R$ 2,9 bilhões. No período de 12 meses, o total chega a R$ 10,68 bilhões, enquanto o número de unidades financiadas foi de 128,2 mil. Segundo o diretor geral da Abecip, Osvaldo Corrêa Fonseca, com esse desempenho, a previsão é de que o volume de crédito imobiliário com recursos da poupança supere a marca dos R$ 11 bilhões este ano. "Os bancos estão oferecendo muito mais do que a parcela obrigatória (65% do estoque em poupança). A Caixa Econômica Federal, por exemplo, está usando cerca de 97%. Isso porque o produto é bom, há demanda e oferta de imóveis, e eles estão interessados nesse tipo de negócio", diz Fonseca. O diretor aposta que ainda há muito espaço para crescer, já que o valor do crédito imobiliário hoje equivale a cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Fonseca lembra que os números recordes são resultado de uma combinação de fatores que começou ainda em 2004, quando o governo mudou as regras para financiamento da casa própria. "A legislação nova diminuiu os riscos para mutuários e para os bancos", lembra. "Porém, o crescimento foi pequeno porque o setor imobiliário não tinha produção para atender ao aumento da demanda. Resumindo, não tinha produto."
De lá pra cá, diz Fonseca, muitas empresas foram à Bovespa para se capitalizar e a oferta também cresceu. "Agora as condições são todas favoráveis", diz. Para o consumidor, o acesso ao empréstimo ficou bem mais fácil. Os prazos para pagamento foram estendidos de, em média 10 anos, para no mínimo 20 anos. Hoje é possível comprometer até 30% da renda e financiar até 90% do valor do imóvel. "Os juros também estão menores", diz Fonseca.