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Redes sociais são perda de tempo

Os jovens estão aderindo à moda, então deve valer a pena. "Entre já no Facebook!", dizem eles. Ali, você coloca uma foto com sua carinha – ou não – e então outras pessoas que já se afiliaram ao site podem lhe chamar de "amigo". O Facebook lhe mandará um e-mail para ver se eles são realmente seus amigos. Dependendo do seu estado de humor, você pode aceitar ou rejeitar estas tentativas de companheirismo. Antes da sua aceitação, a pessoa pode mandar uma mensagem como um sinal de boa-vontade e vocês irão conversar (via chat) longamente. Pelo menos até você perceber que já tem o e-mail do sujeito!

Eu não tenho filtro para o tipo de amizade que estou prestes a aceitar. Eu dei um "sim" para um cara que levou embora minha cafeteira quebrada e também para outro que nunca conheci pessoalmente – no entanto, lembro de ter dito à namorada dele que uma ótima maneira de engravidar seria iniciar o dia com um bom banho gelado nas partes íntimas. Acho justo pressupor que por mais que eu vá esquecer esse camarada rapidinho, ele, com certeza, não esquecerá tão cedo de mim.

Antes de iniciar o blábláblá vou admitir que sou teimosa, do tipo que nunca acreditou no sucesso do telefone celular. Apesar disto, sei que uma tremenda quantidade de serviços na internet é revolucionária de fato. A web mudou a maneira de comprarmos, irmos ao banco e namorarmos. Ela também teve efeito destruidor na privacidade, decência, direitos autorais, entre outras leis e códigos morais.

Eu poderia continuar aqui a lista de reclamações sobre o impacto da "rede maravilhosa", mas minha antiquada boa-vontade me impede. A supervalorização mais flagrante, no entanto, diz respeito às redes sociais on-line. O MySpace é líder neste assunto [e o Orkut é, disparado, o preferido dos brasileiros]. Controvérsia e muita grana envolvem essas duas empresas. Será que o MySpace e o Orkut se responsabilizam por pessoas mais velhas fazendo de conta serem mais novas para entrar em contato com os jovens? No escuro todos os gatos são pardos, e a maioria dos gatos na internet tem 17 anos.

No fim das contas, a Craiglist, outra rede social que faz sucesso mundo afora, é apenas uma versão mais brilhante e colorida das páginas amarelas. O MySpace? Um lugar para os adolescentes perderem tempo. Novos gurus da mídia caracterizam essas experiências interpessoais como anônimas e pseudônimas por natureza, e é aí que o Facebook entra em evidência.

Como o blogueiro e professor acadêmico Jeff Jarvis disse em seu trabalho sobre o Facebook: "Nessas comunidades, viramos mestres das nossas identidades e comunidades". Entretanto, nós mesmos, protegidos por pseudônimos ou por uma "segunda vida", continuamos a perder tempo.

O que ter 183 amigos no Facebook representa? Representa o tempo que você irá perder se comunicando com eles – ou ignorando-os e sentindo um pinguinho de culpa. O que representa ser um avatar em vez de você mesmo? Será que sua comunicação fica mais autêntica? Quem é que se importa se o máximo que isso tudo rende é um "oi" de vez em quando? A internet é como uma roda – um monte de atividades se tornaram mais rápidas após sua invenção. As pessoas, que antes andavam de bicicleta e agora tem solitários corações on-line, procuram mais que sexo e, no longo prazo, a web deve trazer vantagens para a diversidade genética. Mas o ciberespaço não mudou nossa natureza. Comunidades que tenham significado ainda são raras. Uma galera de 200 pessoas dizendo "oi" umas as outras ainda é demais para minha cabeça.

Zoe Williams é colunista do The Guardian e especialista em História Contemporânea.

Tradução: Thiago Ferreira

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