O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chamou de “absurda” a redução da meta do superávit primário do setor público para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). “Não acho boa a redução da forma nem do tamanho que foi feita”, comentou.
O governo anunciou nesta quarta-feira a redução da meta de superávit primário do setor público para R$ 8,747 bilhões, o equivalente a 0,15% do PIB. A meta anterior era de R$ 66,325 bilhões (1,13% do PIB). “Acho que o governo fez isso hoje porque entregou a defesa no TCU (Tribunal de Contas da União). Ele quer mostrar que não vai fazer mais pedalada, por isso escolheu essa data de hoje. Politicamente me parece que é isso”.
O peemedebista lembrou que o ano está sendo marcado por mais cortes no Orçamento e forte retração da atividade econômica. Cunha voltou a mencionar a definição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre o ajuste fiscal sem crescimento econômico conduzido pelo Executivo. “É o cachorro mordendo o rabo”, repetiu.
Ele, no entanto, reconheceu que o governo não poderia levar adiante a política de superávit, mas criticou que só agora se concluiu que era necessário mudar a meta. “Tem uns três meses que se sabe que não vai cumprir (a meta). Já deveria ter tido essa atitude há mais tempo, o mercado sabe fazer conta. Estão fazendo um pouco tarde”, afirmou. Cunha disse que o governo não conseguirá cumprir a meta “se não recuperar boa parte da atividade econômica”.
Congresso
Sobre o projeto de lei que será enviado ao Congresso Nacional propondo a redução da meta, Cunha acredita que a votação dos vetos presidenciais pode dar mais problemas para o Executivo que a proposta anunciada hoje. Entre os vetos que podem ser derrubados estão a alternativa ao fator previdenciário, que tem um forte apelo por se tratar de aposentados e pensionistas. “Terão dias difíceis”, previu.
Na avaliação do peemedebista, outro tema que pode dar “dor de cabeça” ao Planalto é o reajuste do Judiciário. “Vai ser muita pressão”, disse.
Questionado sobre a repatriação de recursos no exterior como possibilidade de abatimento da meta, o presidente da Casa voltou a cobrar que o Executivo assuma a medida.
“Se governo tem tanto interesse, ele que mande o projeto para cá. O governo tem de assumir o que quer. Está com vergonha de assumir e trazer dinheiro do exterior e quer que o Parlamento assuma sozinho? Não vai ser por iniciativa daqui que vai ser feito”, enfatizou.