O empresário Michael Klein, da rede Casas Bahia, afirmou na sexta-feira (17), durante evento do governo federal para anunciar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de quatro tipos de eletrodomésticos - máquinas de lavar, tanquinhos, fogões e geladeiras -, que a desoneração vai ajudar os varejistas do país a reduzir os estoques, que aumentaram durante o fraco primeiro trimestre.
Klein disse que as vendas nas lojas da rede caíram 6% entre janeiro e março e que os estoques, que normalmente cobriam 30 dias, agora são suficientes para 50 dias.
A desaceleração do mercado de eletrodomésticos também foi sentida pela proprietária da concorrente Magazine Luiza, Luiza Trajano. Segundo ela, o crescimento da empresa, que era de mais de 10% até 2008, ficou entre 1% e 2% neste ano.
Trajano disse que os quatro produtos desonerados representam entre 50% e 60% das vendas de eletrodomésticos no país. "É muito forte", disse a empresária. De acordo com Klein, a rede Casas Bahia vai reduzir os preços dos produtos assim que a medida for publicada. Luiza concorda que a mudança já poderá ser sentida nos próximos dias: "O varejo é rápido."
A rede norte-americana Wal-Mart anunciou na tarde desta sexta-feira que vai baixar os preços dos produtos contemplados pela redução tributária imediatamente. A empresa estima que a medida impulsionará as vendas do Dia das Mães e prevê crescimento de 20% no setor de linha branca para o período.
O grupo Pão de Açúcar informou que, nas lojas Extra Hipermercados e Extra Eletro, será dado um bônus adicional de 5% nas compras de produtos que tiveram a redução do IPI (geladeira, fogões, maquinas de lavar e tanquinhos). Segundo nota da empresa, o valor poderá ser convertido em compras nas lojas, em todas as seções, até o dia 21 de abril.
Prorrogação e crédito
Embora tenha elogiado a medida, o executivo da Casas Bahia afirmou que é necessário que a redução de tributos não dure apenas três meses. "A gente gostaria que fosse prorrogado para que a gente pudesse recuperar o 1º trimestre de 2009", disse Klein, defendendo que a volta do tributo, depois do período de 90 dias, seja gradual.
Para que as vendas se reaqueçam, a proprietária do Magazine Luiza também afirma que é necessário que o governo coloque em prática o compromisso de ajudar o crédito no setor. Ela lembrou que os varejistas fazem crédito direto, de maneira similar ao setor automotivo. "Ele (o governo) não sabia que nós temos financeira direto, que nós somos responsáveis pelo crédito."
A empresária disse também que a "maquina de lavar é um bem social". Luiza ressaltou que 75% das residências brasileiras não têm máquina de lavar e disse que faz campanha entre seus funcionários para a compra do produto para a família. "Uma operária economiza três horas diárias de trabalho com uma máquina de lavar roupa", ressaltou.
