Trabalhadores da Sabó, em SP, aceitaram a redução da jornada e de 12% no salário| Foto: Danilo Verpa
Menos trabalho, menos salário

Com os novos acordos anunciados ontem pela indústria automotiva paulista, já passa de 11 mil o número de trabalhadores submetidos à redução de jornada de trabalho com corte de salários em todo o Brasil. A medida sinaliza um revés para as centrais sindicais, que historicamente sempre defenderam a diminuição de jornada sem redução salarial e rechaçavam a possibilidade de flexibilização mesmo diante dos efeitos da crise.

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De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Paraná (SRTE-PR), até o momento nenhum acordo deste tipo foi registrado no estado. No entanto, quatro empresas com sede no Paraná – Renault, Yazaki, Maflow e Alusur – formalizaram acordos de suspensão temporária de contratos de trabalho, atingindo cerca de 1,8 mil trabalhadores. Mais de 1,3 mil pessoas foram demitidas no estado desde setembro em cortes relacionados à crise econômica.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, afirma que a entidade já foi procurada por 120 empresas buscando consolidar acordos de flexibilização – 99% delas do setor de autopeças. "O sindicato tem autonomia sobre suas bases, mas é o trabalhador que sabe a hora de decidir. Um operador que não liga o torno há três meses sabe que o emprego corre risco e tem medo do fantasma de desemprego", diz Torres.

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A Valeo, fabricante de faróis e lanternas para veículos, em São Paulo, foi a primeira a anunciar, na quarta-feira, a redução de 1 dia na jornada semanal com redução de 15% nos salários de cerca de 800 trabalhadores. O acordo prevê a estabilidade dos empregos por 135 dias.

Ontem, foi a vez de os trabalhadores da MWM Motores aprovarem a proposta da empresa de reduzir a jornada em 20% e os salários em 17,5%. A medida valerá por 90 dias. Os cerca de 2,8 mil trabalhadores receberam a garantia de estabilidade no emprego por até 45 dias após o final do período.

Os trabalhadores da fabricante de autopeças Sabó, também em São Paulo, aprovaram em assembleia na tarde de ontem a redução de um dia na jornada semanal, com corte de 12% nos salários. A medida atinge 1,6 mil trabalhadores da empresa e é válida por 90 dias, com a garantia de estabilidade dos funcionários por mais três meses após o término do acordo.

A indústria de autopeças gaúcha GKN, depois de conceder férias coletivas, fechou um acordo que prevê a redução de um dia de trabalho por semana com diminuição de 14,6% no salário de 1,4 mil empregados.

O maior acordo, no entanto, vem de outra empresa gaúcha. O grupo Randon – que reúne fabricantes de autopeças, implementos rodoviários e veículos, além de uma empresa de consórcios – vai reduzir entre 8% e 10% os salários e a jornada de 4,7 mil funcionários. O acordo tem três meses de vigência e não prevê a estabilidade dos funcionários nem durante nem após o período.

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