![Reforma da Previdência tem de atacar privilégios, diz economista do Itaú Mesquita, economista-chefe do Itaú: “Se você faz uma reforma que já começa preservando alguns privilégios, ela já entra fragilizada”. | Solange Macedo/Divulgação](https://media.gazetadopovo.com.br/2016/11/bafbc5f2ae39a7c841342a240ec1d138-gpLarge.jpg)
Quanto mais abrangente for a reforma da Previdência, maiores são as chances de ela ser aprovada. A avaliação é do economista-chefe do banco Itaú, Mario Mesquita. Para ele, a abertura de exceções indicaria que “uns brasileiros são melhores que outros” e tiraria força da proposta.
“A chance de aprovar a reforma da Previdência é diretamente proporcional à amplitude da reforma. Se você faz uma reforma que já começa preservando alguns privilégios, ela já entra fragilizada”, disse Mesquita na quinta-feira (27), em encontro da equipe econômica do Itaú com jornalistas.
“Quando você ataca tudo, se o sujeito – policial militar, bombeiro, o que seja – pedir tratamento especial, já vai ficar claro que ele quer tratamento especial. Agora, se você já começa escolhendo que uns brasileiros são melhores do que outros, fica complicado”, completou o economista, que dirigiu a área de Política Econômica do Banco Central entre 2007 e 2010.
Membros do governo e o próprio presidente Michel Temer declararam em diferentes ocasiões que a reforma afetará a todos, incluindo servidores públicos e políticos. A ideia é que a principal inovação do pacote, a idade mínima para aposentadoria, seja de 65 anos para homens e mulheres, servidores públicos e funcionários do setor privado, trabalhadores urbanos e rurais. Mas as diferentes regras hoje existentes convergiriam obedecendo a diferentes regras de transição.
Mas aliados fazem pressão por exceções. Em meados de outubro, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu que a reforma seja diferente para os militares, afirmando ser “impossível construir entre desiguais uma previdência única”.
Transição curta
Na conversa com jornalistas, o economista Pedro Schneider, do Itaú, afirmou que a idade mínima de 65 anos é “fundamental, e com uma regra de transição curta”. Sem uma reforma, disse, o teto para os gastos públicos – já aprovado pela Câmara dos Deputados e agora em trâmite no Senado – “simplesmente não para em pé”.
Schneider observou que a Previdência, que já consome 40% dos gastos públicos, tem contra si a demografia – o envelhecimento da população vai elevar o número de aposentados e diminuir o de contribuintes – e a regra de correção do salário mínimo, que é o piso dos benefícios e pode crescer acima da inflação. “O Brasil vai ficar velho, e vai ficar velho rápido. E não ficou rico. É preciso adequar o orçamento público a essa nova realidade demográfica”, disse.
*O jornalista viajou a convite do Itaú.
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