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Mercado financeiro

Reforma de Previdência e economia mundial mais fraca devem deixar Bolsa e dólar mais agitados

 | Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
(Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas)

O clima de volatilidade tomou conta do mercado financeiro, por causa da desaceleração da economia mundial e da complicada tramitação da reforma da previdência. Na sexta, o dólar fechou cotado a R$ 3,7802, 2,4% a mais do que na semana anterior. E o Ibovespa encerrou a semana a 95.584,35 pontos, 1% a mais do que na semana passada.

 Tanto dólar quanto bolsa vem se comportando como uma montanha russa. Somente nesta sexta, a diferença entre a cotação máxima e a mínima da moeda americana foi de mais de três centavos. E a variação do Ibovespa foi de 2,32%. “É uma situação que veio para ficar”, comenta Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais. 

 Reforma da Previdência

A divulgação de um vídeo pornográfico sobre o Carnaval pelo presidente Jair Bolsonaro ajudou a tirar o foco da reforma da Previdência. Não bastasse isso há o risco de as discussões sobre a reforma irem parar na Justiça e a demora na definição dos integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde iniciará a tramitação. “Há muito ruído no momento”, enfatiza o economista-chefe. 

 O jornal britânico Financial Times questiona a recente atuação do presidente: as "Guerras de cultura" de Jair Bolsonaro vão prejudicar as reformas econômicas do Brasil?". O texto do FT salienta que o "xixigate" aumenta os temores de que o presidente esteja excessivamente concentrado em disputas digitais desnecessárias. 

 Outro problema é o quanto de “gordura” será cortada da proposta inicial apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e que prevê uma economia de R$ 1,16 trilhão em dez anos. “Uma economia aceitável para o mercado oscilará entre R$ 800 bilhões e R$ 1 bilhão”, diz. 

 Segundo Bandeira, quanto maior a economia que o governo conseguir, maior será a credibilidade que irá conquistar. “Isto abriria espaço para outras reformas que são essenciais para a economia.” Segundo a pesquisa Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil é o 109º país, entre 190, em facilidade para negócios. 

Fraqueza da economia mundial

Outro fator que contribui para esse sobe-e-desce mais acentuado no mercado financeiro é o desaquecimento da economia mundial.  

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reviu para baixo (3,3%) o crescimento da economia mundial. Das 20 maiores economias mundiais, a entidade reviu para baixo as perspectivas de crescimento de 17 países. Outros dois (Indonésia e África do Sul) permaneceram estáveis e em apenas um (Argentina) houve uma revisão para cima. E desse grupo, três devem encerrar o ano com uma economia menor do que em 2018: Argentina, Itália e Turquia. 

A entidade ressalta que o crescimento está perdendo força na Europa e vulnerabilidades na China, na União Europeia e nos mercados financeiros podem fazer com que a economia mundial saia dos trilhos. A alternativa, segundo a OCDE, é reforçar a cooperação entre os países para reduzir os riscos. 

 Outro órgão que reviu para baixo as expectativas de crescimento foi o Banco Central Europeu. Ele projeta que o PIB da zona do euro irá crescer 1,1% neste ano, um corte de 0,6 ponto percentual em relação à previsão anterior. Os destaques negativos são a Alemanha e a Itália. 

 Mais países vêm mostrando fraqueza nos principais indicadores da economia. Na China, por exemplo, o saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) fechou em baixa de 20,7% no comparativo entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019. Nos Estados Unidos, o desaquecimento deve ser menos forte do que se espera. A expectativa da OCDE é de uma expansão de 2,6% em 2019, contra 3% no ano passado. 

Eles vem tomado medidas para tentar evitar uma desaceleração maior. A China pretende estimular projetos na área de tecnologia para garantir um crescimento anual entre 6% e 6,5%. Os Estados Unidos já admitiram segurar a alta na taxa básica de juros e os países da zona do euro estão abrindo financiamento de longo prazo. 

 “Isto provoca uma corrida em direção ao dólar e a títulos do Tesouro norte-americano, por causa da maior segurança que eles oferecem”, diz Bandeira, do Modalmais.

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