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Mercado financeiro

Três coisas que vão mexer com Bolsa e dólar após a aprovação da reforma da Previdência

B3 Bolsa Reforma da Previdência
Celular mostra logo da B3 (Foto: Bigstock)

A aprovação da reforma da Previdência, na semana passada, fez com que o dólar voltasse ao patamar dos R$ 4,00 e a Bolsa atingisse o nível de 107 mil pontos. A grande pergunta do momento é se a tendência de valorização do Ibovespa vai se manter e se o dólar vai cair mais.

O que é certo, segundo analistas de mercado ouvidos pela Gazeta do Povo é que novas variáveis vão ditar o ritmo do comportamento das ações e do dólar no curto e médio prazos. Entre elas, estão o andamento das reformas; a manutenção de uma política macroeconômica marcada por juros baixos e a inflação controlada e um acordo para pôr fim à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.

Um cenário desses favorece, segundo Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, as empresas mais focadas no consumo doméstico. Bancos e corretoras ouvidos pelo BC no Relatório Focus projetam um crescimentos superior a 2% no PIB a partir do próximo ano.

Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, também vê oportunidades para as áreas de infraestrutura e bancária. “Com a retomada do crescimento da economia, deve haver um aumento na procura por crédito.”

Mais reformas além da reforma da Previdência

Os maiores olhares do mercado financeiro vão estar voltados ao Congresso. E o foco da atenção são novas reformas, como a administrativa, a tributária e a revisão do pacto federativo. “O mercado espera mais reformas”, destaca André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

Mas o consenso do mercado é que o ritmo de tramitação delas vai ser mais modesto. “Para chegar a estas reformas, vai ser preciso mais trabalho e mais negociação”, diz o economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos.

Ele destaca que o timing da tramitação destas reformas vai ser maior e mais complexo, pois envolve a discussão com estados e municípios e, em alguns casos, os projetos ainda precisam ser estruturados. No caso da Reforma da Previdência, foi mais simples para o governo de Jar Bolsonaro: já havia uma proposta que fora discutida durante a gestão de Michel Temer.

Panonko aponta que essas reformas têm o potencial de induzir mais investimentos na economia, contribuindo para a queda no desemprego e o aumento no consumo.

Manutenção da queda dos juros

A taxa Selic, que baliza os juros cobrados pelas instituições financeiras e das aplicações financeiras, está em 5,5% ao ano. E a tendência, com uma economia desaquecida e inflação controlada é de que haja novos cortes pelo Comitê de Política Monetária: uma delas deve acontecer nesta quarta.

O último Relatório Focus, uma pesquisa feita pelo BC junto a bancos e corretoras, aponta para uma taxa de 4,5% no final do ano. E já há economista projetando a taxa a 4% para o começo de 2020.

“Há margens para mais cortes e isso vai influenciar a vida do investidor. Acabou a era do rendimento fácil”, diz o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

Os resultados dessa política de juros baixos e inflação controlada já poderão ter impactos nos resultados das empresas no quarto trimestre - cujos resultados serão divulgados no início de 2020 - diz o analista Thiago Salomão, da Rico Investimentos. “Isso deve contagiar a Bolsa.” E, segundo ele, abre espaço para uma expansão no longo prazo, onde o preço das ações acompanha o lucro das empresas.

Ele aponta que, atualmente, há grandes possibilidades de aumento de receita sem a necessidade de realizar grandes investimentos. A justificativa é de que a capacidade ociosa é grande. Somente na indústria, o nível de utilização da capacidade instalada é de 78,1%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O acordo na guerra comercial entre EUA e China

Nunca, um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China esteve tão próximo. Isto pode reduzir o risco de desaceleração da economia mundial. Para este ano, o Fundo Monetário Internacional projeta que o PIB global crescerá 2,47%, o menor nível desde a crise financeira mundial de 2008-9.

Espírito Santo afirmou que era previsível, mais cedo ou mais tarde, que se chegasse a um acordo. “Guerras comerciais são jogos de perde-perde.” E um dos fatores que pode estar por trás do possível fim da disputa é a campanha eleitoral. Donald Trump quer um segundo mandato e, para isso, precisa manter a maior economia mundial em um ritmo mais acelerado.

Mas, a proximidade de um acordo não significa que o barulho vá acabar, ressalta Perfeito, da Necton. “Há outras questões delicadas, como a disputa sobre a tecnologia 5G e os empregos.”

Uma eventual retomada nas tensões pode acrescentar volatilidade aos mercados do dólar e da bolsa, diz Arbetman, da Ativa. “Seria mais beligerante e viria em um mau momento para a China, que enfrenta uma retração no crescimento.”

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