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Alimentos

Relator pede veto à fusão de Sadia e Perdigão

Em um dos votos mais duros da história do Conselho Admi­nistrativo de Defesa Econômica (Cade), o relator da fusão entre Sadia e Perdigão, Carlos Ragaz­zo, pediu ontem que o negócio seja desfeito. Após quase sete horas, um pedido de vista do conselheiro Ricardo Ruiz adiou o julgamento, que deverá ser retomado na próxima quarta. Ruiz disse que acompanhará o relator e votará contra a fusão. Outros três conselheiros ainda darão seus votos, mas, segundo a reportagem apurou, a tendência é que a maioria vete a operação.

"Raramente se vê, na analise antitruste, uma operação na qual a probabilidade de danos de mercado ao consumidor se mostra de maneira tão evidente. A aprovação desse ato tem o condão de causar aumento de preço e danos extremos aos consumidores", criticou Ragaz­zo. Se o Cade reprovar o negócio, a Perdigão terá um prazo determinado para vender toda a sua participação na Sadia e desfazer a operação. Após a decisão do Cade, a empresa poderá recorrer à Justiça. No entanto, mais de 80% das decisões do conselho costumam ser mantidas pelo Judiciário.

Fechada em 2009, a compra da Sadia pela Perdigão deu origem à Brasil Foods, terceira maior exportadora brasileira e uma das maiores em alimentos no mundo. Logo após o negócio ser fechado, as empresa assinaram com o Cade um termo se comprometendo a manter as atividades separadas, para garantir que a operação pudesse ser revertida após decisão final. Ontem, as ações da Brasil Foods caíram 6,3%.

Solução negociada

"A empresa continua acreditando que existam argumentos para uma solução negociada. Qua­tro opiniões ainda precisam ser trabalhadas no sentido de en­­contrar uma solução que não seja tão radical", disse o vice-presidente de Assuntos Corpo­rativos da BR Foods, Wilson Mello.

Em seu voto, Ragazzo ressaltou a concentração de mercado gerada pela fusão, que ultrapassa 60% de participação na maioria dos produtos. Segundo estudos do conselho, a operação daria um poder de mercado tão grande que possibilitaria à BRF elevar os preços em até 40%. A empresa diz que, em 2010, quando a fusão já havia ocorrido, a alta média de seus produtos foi de 3%.

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