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Em um momento em que o Brasil joga ao solo as primeiras sementes da safra de verão, os grãos perderam valor ontem no mercado internacional, sob inusitada influência do relatório de oferta e demanda mundiais que será divulgado hoje pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Usda. Os analistas disseram que tudo não passou de uma estratégia do mercado para ampliar seus lucros desta quarta-feira. O fato é que também no Brasil as cotações caíram. No Paraná, a soja recuou 1%, para R$ 76,89 por saca, e o milho baixou 1,44%, para R$ 25,92/sc.

Os operadores teriam ampliado a oferta de grãos ontem para forçar queda nas cotações. Se isso for realmente uma estratégia, hoje eles devem comprar mais do que venderam antes que os preços aumentem devido ao relatório do Usda. O órgão do governo norte-americano estaria prestes a ampliar seus números sobre as perdas provocadas pela seca histórica que dizimou lavouras do Corn Belt. Se essa quebra for maior, o mercado estará inclinado a ampliar as cotações.

As chuvas recentes chegaram tarde para o milho e "não tiveram quase nenhum efeito sobre a soja" nos Estados Unidos, afirma o Scott Shellady, operador na Bolsa de Chicago. Em sua avaliação a estimativa de produção deve ser reduzida tanto no milho quanto na soja. A colheita de milho ficará próxima a 10 bilhões de bushels (254 milhões de toneladas), calcula. Isso significa que as perdas no cereal seriam de 120 milhões de toneladas. Em agosto, o Usda apostou em uma quebra de 100 milhões de toneladas.

Para Pedro Dejneka, analista da Futures International, de Chicago, nenhum número do Usda será "extremamente baixista". "Mesmo que sejam neutros, podemos ver uma reação oposta ao que aconteceu em agosto, quando o mercado comprou antes do relatório", aponta. As vendas pós-relatório pressinaram as cotações para baixo.

O bushel de milho para entrega em dezembro passou de US$ 7,99 para US$ 7,84 ontem na Bolsa de Chicago. A soja de novembro saiu de US$ 17,37 para 17,19.

O plantio de verão brasileiro começou no Sudoeste do Paraná. Segundo técnicos do governo estadual e da cooperativa Coasul, produtores de Bom Sucesso do Sul estão antecipando o cultivo de milho para, em seguida, cultivar soja e feijão nas mesmas áreas. A estratégia é considerada arriscada, pelo fato de não haver previsão de chuva significativa na próxima semana.

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