Um relatório divulgado na cúpula dos Brics em Nova Déli aponta 13 áreas em que as parcerias entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul podem ser incrementadas. Uma das sugestões é a criação de fundos para financiar obras de infraestrutura. O texto foi elaborado com apoio dos ministérios da Fazenda e dos bancos centrais dos cinco países do grupo.
Intitulado "Brics by Brics", a análise de 204 páginas teve suas recomendações citadas no plano de ação aprovado ontem na Índia e contou, no Brasil, com a participação de técnicos do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), que em seu último boletim internacional também aponta setores em que o país pode ampliar e melhorar a qualidade do comércio com os demais integrantes do fórum.
Na área comercial, o relatório sugere a identificação de setores e nichos de mercado que permitam evitar a "destruição competitiva", situação que se aplica às desvantagens das indústrias brasileira, indiana e sul-africana diante da competição dos produtos chineses. O texto também defende a ampliação das trocas em moedas locais, objetivo mencionado no comunicado da cúpula.
O informe identifica um "déficit de infraestrutura" em todos os integrantes do Brics e sugere a criação de fundos específicos para financiar grandes obras, com o lançamento de ações cuja compra por investidores lhes garantiria benefícios fiscais.
Outra ideia é direcionar para a infraestrutura, por meio de políticas públicas e incentivos tributários, parte do crescente fluxo de capitais externos para os emergentes - que a presidente Dilma Rousseff comparou a um "tsunami" pelo seu potencial de provocar efeitos negativos, como a sobrevalorização das moedas.
Há sugestões de que sejam intensificados o intercâmbio de estudantes, a cooperação em pesquisa e o compartilhamento de tecnologia, incluindo em transportes de massas e em agricultura. Para fortalecer a segurança alimentar, o texto propõe que os Brics criem um sistema de troca de informações básicas sobre cultivos e tomem medidas para adaptar a produção agrícola à mudança climática.
Outra proposta destinada a suprir a carência de financiamento privado é o desenvolvimento de um mercado para a compra e venda de títulos da dívida e de ações emitidas por empresas dos cinco países. A criação de um banco de desenvolvimento Sul-Sul também é mencionada no relatório. A cúpula aprovou a realização de estudos nesse sentido.