| Foto:

Fiscalização

Setor necessita de mais controle

Para o presidente executivo da Interfarma, Antônio Britto, falta esclarecimento para a população e maior estrutura de fiscalização na Anvisa e em outros órgãos do governo: "Cada um tem feito sua parte. O problema é que a soma do que a Anvisa e o ministério podem fazer é pouco diante do que é necessário."

O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, admite que falta pessoal, especialmente no setor de inteligência. "Esses crimes ocorrem, muitas vezes, em um ambiente organizado. Lidar com o contrabandista em um país que tem 17 mil quilômetros de fronteira requer muito trabalho de inteligência", aponta.

Ele cita a necessidade de se concluir o projeto que permitirá rastrear cada embalagem de remédio até a chegada ao consumidor. Ela terá códigos que absorvem informações ao longo da cadeia produtiva do medicamento (rastreabilidade).

CARREGANDO :)

A pesquisa "A informalidade na compra de medicamentos prescritos", encomendada pela Asso­­ciação da Indústria Farma­­cêutica de Pesquisa (Inter­­farma) ao Ibope, revelou que 6% dos brasileiros admitem comprar remédios em camelôs. Na Região Norte, o porcentual sobe para 18%. Mais. Um quinto dos brasileiros estariam acostumados, segundo o levantamento, a comprar remédios sem receita médica, o que é ainda mais comum nas capitais e na Região Nordeste.

Além da falta de esclarecimento da população, as deficiências no combate à pirataria no país estariam no cerne desse comportamento. "Quando a pirataria atinge a produção de medicamentos, os efeitos nefastos da informalidade não atingem apenas a economia, mas também a saúde do país", alertou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao comentar os desafios para coibir atividades como as falsificações e o contrabando no país, durante um seminário da Interfarma, realizado na última semana, no Rio de Janeiro.

Publicidade

Na luta contra o uso de remédios falsificados, Cardozo ressaltou a necessidade de se proteger as fronteiras e de investir em ações pedagógicas junto à população. "Precisamos identificar, por exemplo, por que o brasileiro compra um medicamento pirata, e fazer um trabalho de conscientização sobre os riscos desse hábito." Um levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) corrobora com os resultados da pesquisa nacional, indicando que 8% dos medicamentos consumidos no mundo são falsificados. No Brasil, a situação pode ser ainda mais grave.

"Um país em que 70% dos remédios são vendidos sem receita médica está mais vulnerável à venda de remédios de origem duvidosa. Pelas nossas apreensões, percebemos que a maior parte desses remédios chega aos consumidores pelas farmácias. É comum encontrar carga roubada e remédios falsificados nesses estabelecimentos", diz o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.

Orientações

A Anvisa orienta o consumidor a estar atento às marcas de segurança presentes nos medicamentos para evitar o uso indevido de produtos falsificados.

Dentre os detalhes a serem verificados ainda na farmácia estão a presença do lacre de segurança não violado, o registro no Ministério da Saúde iniciado sempre pelo número 1 e a tinta reativa que é ativada na embalagem após o contato com metal.

Publicidade

Os remédios que mais sofrem falsificação no Brasil são os que combatem a disfunção erétil, além de anabolizantes, emagrecedores, medicamentos para aborto e fitoterápicos. Segundo o Fórum Nacional contra a Pira­­taria e Ilegalidade, o Brasil deixa de arrecadar R$ 40 bilhões por ano em consequência das falsificações e do contrabando.