Remédios perigosos, inclusive abortivos, estão sendo vendidos livremente pela internet. Os criminosos dizem que enviam os medicamentos ilegais pelos correios. As drogas, proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - que regula a venda de remédios no país - podem causar danos à saude. As informações são do telejornal Hoje.
Na internet, não é difícil encontrar ofertas de remédios proibidos ou de venda controlada, medicamentos que prometem curas milagrosas ou até mesmo abortivos. A equipe do "Jornal Hoje", da TV Globo, ligou para um desses sites. O vendedor, que atendia de Salvador, na Bahia, não negou. Admitiu que estava realizando uma negociação ilegal. "É mercado negro. Você sabe que é proibido vender, mas a gente vende em todos os lugares do Brasil. Nem com receita você não consegue."
O homem, que se identificou como Júnior, age como médico e dá até consulta por telefone. Ele orienta o paciente virtual a comprar um kit que, supostamente, irá ajudar na recuperação.
O site inclusive criou um manual de procedimento abortivo, que diz quais são os riscos em cada mês de gestação e o número de comprimidos necessários.
Medicamentos para artrite, impotência sexual e moderadores de apetite são oferecidos na rede, para entrega em qualquer ponto do país. A encomenda é entregue em casa, na maioria das vezes via correios.
Uma mulher que usou um dos medicamentos proibidos pela Anvisa perdeu a sensibilidade em parte da boca por causa de um anestésico usado durante um tratamento odontológico. O dentista que a socorreu disse que a paciente correu risco de vida.
Repressão
A Anvisa considera muito difícil reprimir a venda pela internet de remédios proibidos, já que a maioria dos provedores desses sites funciona fora do país. A agência alerta que a venda de medicamentos pela rede não é regulamentada. Por isso, a orientação é a de sempre procurar farmácias e drogarias.
"Esses produtos são ilegais, podem possuir substâncias nocivas, não sabemos como são fabricados, e a saúde de quem consome pode estar muito comprometida", afirma Tiago Rauber, técnico da Anvisa.
Segundo a polícia, vender o produto ilegal é crime, com pena que varia de 10 a 15 anos de prisão. Comprar produtos assim também pode dar cadeia, com pena de um ano de detenção.