As remessas de lucros e dividendos feitas por empresas estrangeiras com sede no País somaram US$ 5,109 bilhões em agosto, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Banco Central (BC). O resultado representa o maior volume de remessas no mês desde o início da série histórica, iniciada em 1947.
Segundo o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel, houve um aumento inesperado nos envios no fim de agosto. "Foi um número maior que o esperado e com concentração no fim do mês".
Segundo ele, esse aumento explica parte importante do elevado déficit em transações correntes, que também foi influenciado pela conta de serviços em itens como viagens internacionais e gasto com aluguel de equipamentos no exterior.
"É natural observar aumento de remessa de lucros e dividendos porque o estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) tem crescido de maneira robusta. Ao longo dos últimos 12 meses, foram US$ 75 bilhões em ingressos.
Além disso, há um desempenho positivo da economia brasileira, o que se traduz em remessa de lucros", disse. "Não dá para afirmar que o comportamento caracterize um movimento gerado pela crise", minimizou.
Segundo ele, as cifras já mostram alguma acomodação em setembro. No mês até o dia 23, a remessa de lucros e dividendos já soma US$ 1,023 bilhão. "No médio prazo, essa cifra reflete a estratégia das empresas. Não posso atribuir isso à crise até porque os valores têm sido tem sido muito significativos ao longo do ano", disse.