A Renault pretende contratar até mil trabalhadores para sua fábrica brasileira, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), caso o mercado nacional de automóveis evolua dentro de suas expectativas no próximo ano. Hoje a montadora emprega cerca de 3,5 mil pessoas nas linhas de produção do Complexo Ayrton Senna e outras 1,5 mil nas áreas de engenharia e administrativas, divididas entre o Paraná e a capital paulista.
O presidente da companhia no país, Jean-Michel Jalinier, anunciou ontem que a montadora planeja vender 20% mais carros em 2011, contra uma expansão de 8% estimada para todo o mercado. Embora afirmando que ainda não bateu o martelo, o executivo deu a entender que são grandes as chances de que a fábrica paranaense abra um terceiro turno de produção pela primeira vez desde a inauguração, no fim de 1998.
"Hoje nossa fábrica trabalha em dois turnos e, se o mercado crescer conforme esperamos, poderemos abrir um terceiro. Que pode ser um turno completo, o que exigiria mais ou menos mil funcionários, ou parcial. Então serão de quinhentos a mil novos colaboradores", avisou Jalinier durante o lançamento do Fluence, sedã médio fabricado na Argentina que vai aposentar o Mégane sedã "paranaense". A perua Mégane Grand Tour, por sua vez, segue em produção no Paraná, bem como os modelos mais populares da marca juntos, Logan, Sandero e Sandero Stepway respondem por dois terços das vendas da Renault brasileira.
Uma das razões para a expectativa de expansão é o aumento da rede de concessionárias, que ao longo de 2011 passará de 180 para 205 lojas. Mas as maiores expectativas recaem sobre o primeiro utilitário esportivo da Renault brasileira, o Duster, cujo lançamento está previsto para o segundo semestre. O investimento no modelo faz parte do pacote de R$ 1 bilhão que a companhia anunciou, um ano atrás, para o período 2010-2013.
Avanço
Os números deste ano dão crédito ao otimismo dos franceses. De janeiro a outubro, a Renault vendeu cerca de 128 mil carros no Brasil, com alta de 33,1% sobre igual período de 2009; na mesma comparação, o mercado nacional avançou 6,6%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Com isso, a fatia da Renault nas vendas totais passou de 3,7% para os atuais 4,7%.
A empresa projeta encerrar 2010 com vendas acumuladas de 150 mil veículos no mercado interno, número 35% superior ao do ano passado, e chegar às 180 mil unidades no ano que vem. As exportações cresceram ainda mais, e tendem a fechar o ano em 50 mil unidades, 43% acima de 2009 (35 mil). "Só não foram melhores por causa da valorização do real", disse o presidente da montadora, citando que quase todo o volume exportado tem como destino a Argentina, uma vez que ficou praticamente inviável exportar para o México. Ele não mencionou qual é a expectativa para os embarques do ano que vem.
Jalinier aproveitou o encontro para reclamar que, embora muitos de seus colegas da Renault europeia tenham "inveja" da subsidiária brasileira o Brasil se consolidou como terceiro maior mercado da empresa, atrás apenas de França e Alemanha , persistem por aqui muitos freios ao crescimento, "entre eles a elevada carga tributária e os problemas de infraestrutura, para citar apenas dois".
O jornalista viajou a convite da Renault.