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Renault contrata 900 para seu primeiro carro “brasileiro”

Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar | Carlos Ohara/Gazeta do Povo
Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar (Foto: Carlos Ohara/Gazeta do Povo)

São Paulo – Depois de quase uma década no Brasil, a Renault decidiu se tornar uma marca mais identificada com o país. De uma só vez, a montadora francesa anunciou ontem três medidas para cair no gosto do consumidor local: o lançamento de seu primeiro carro com "DNA brasileiro" e a criação de um centro de engenharia e de um escritório de design baseados no país. O Paraná terá participação importante nesse movimento. O novo compacto Sandero será montado na fábrica de São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba) e o Centro de Engenharia América, o primeiro da marca no continente, também terá sede no estado.

Produzido sobre a mesma plataforma do recém-lançado sedã Logan, o Sandero é o novo trunfo da montadora para duplicar suas vendas no mercado automobilístico nacional nos próximos dois anos. Apresentado na manhã de ontem no salão do automóvel de Frankfurt, na Alemanha, o modelo é o primeiro veículo mundial da marca francesa cuja produção começa fora de suas bases na Europa. A exemplo do que ocorre com o Logan, o Sandero será vendido em outros mercados. Na segunda fase do projeto, outros países vão produzir o veículo.

"A decisão demonstra que o Brasil é estratégico para o crescimento internacional do grupo", disse ontem o presidente da Renault do Brasil, Jérôme Stoll, durante evento em São Paulo simultâneo ao anúncio na Europa. "Se fizemos três fábricas no Paraná [Renault, Nissan e motores, todas no Complexo Ayrton Senna], significa que queremos ficar no Brasil, nos desenvolvermos no Brasil, empregar mais brasileiros", complementou o vice-presidente comercial da montadora, Christian Pouillaude.

No Paraná, o primeiro reflexo desses anúncios será a contratação de mais 900 pessoas até o fim deste ano, consolidando a Renault como a maior empregadora do setor automotivo paranaense. Atualmente, sua fábrica emprega 3,6 mil funcionários, pouco mais que a unidade da Volkswagen, também em São José. Além disso, a Renault abrirá o terceiro turno de produção em 2008 – atualmente, a fábrica trabalha em dois turnos: um pleno, com produção de 42 veículos por hora, e outro mais lento, com montagem de 22 veículos. Também no ano que vem, será inaugurado o centro de engenharia, que vai reunir 750 engenheiros envolvidos nos futuros projetos da companhia para o continente. A idéia de produzir carros "legitimamente brasileiros" será reforçada pelo Renault Design América Latina, escritório em São Paulo que será responsável pelo desenho dos novos veículos.

O Sandero – que entrou no palco do salão de Frankfurt escondido sob uma manta, ao som de tango e samba, no meio da apresentação do presidente mundial da companhia, o brasileiro Carlos Ghosn – é o primeiro projeto da marca a ter foco no Brasil desde o início de seu desenvolvimento. Chegará às concessionárias em dezembro e dará continuidade ao processo de ampliação da fábrica paranaense, iniciado no fim de 2005, pouco antes de Ghosn divulgar as metas da empresa para o período 2006-2009.

Quando o executivo lançou o "Contrato Renault 2009", em fevereiro do ano passado, a Renault não tinha nem 3% do mercado brasileiro de veículos. A fábrica de São José dos Pinhais empregava 2,5 mil pessoas e ocupava apenas 30% de sua capacidade instalada. Na ocasião, quando muitos esperavam que Ghosn anunciasse o fim das atividades no Brasil, o executivo lançou um pacote para salvar a operação brasileira, que incluía o lançamento de seis novos veículos e investimentos de US$ 360 milhões.

Desde então, a Renault lançou dois carros voltados para consumidores de alta renda – o Mégane Sedan e a perua Grand Tour, desenvolvidos na França – e o sedã popular Logan, lançado inicialmente no Leste Europeu, onde teve grande êxito. O número de empregados cresceu para 3,6 mil e a fatia da Renault no mercado passou para 3,4%. Com o Sandero e outros dois modelos que serão lançados em 2008 e 2009 – um deles também sobre a "plataforma B0", do Logan – a empresa espera atingir 6% do mercado, com vendas de 106 mil unidades em 2009, exatamente o dobro do registrado em 2006. Sozinha, a plataforma B0 terá recebido cerca US$ 230 milhões em investimentos, cerca de 64% do total anunciado para o Brasil.

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