Twingo é o primeiro Renault a ganhar versão Gordini| Foto: Divulgação

Há um ano, o presidente da Renault do Brasil e Mercosul, Jean-Michel Jalinier, decidiu desacelerar a produção diante da crise que afetou o setor em novembro de 2008, para não correr o risco de ter carro sobrando no mercado. Assim como outros executivos à frente de montadoras no Brasil, Jalinier enganou-se. A rápida resposta dos consumidores ao desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) fez com que as vendas de carros disparassem e, por não ter produto suficiente para atender tal procura, a Renault perdeu a quinta colocação em vendas para a Honda. Em entrevista ao G1, o executivo afirmou que os ajustes na produção foram feitos ainda no primeiro trimestre e que a meta é recuperar em 2010 a posição perdida neste ano e atingir 5% de participação de mercado.A entrevista com Jean-Michel Jalinier é a terceira da série especial do G1, com presidentes de montadoras no Brasil. Assista a trecho da entrevista no vídeo ao lado.

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A fórmula para conquistar o espaço não se limitará apenas ao reajuste da produção. A empresa anunciou o investimento de R$ 1 bilhão para os próximos três anos e o lançamento de seis novos produtos, entre eles um SUV baseado no romeno Dacia Duster. O carro deverá chegar às lojas em 2011.

Enquanto isso, Jalinier estuda o lançamento de uma série especial sob a grife Gordini. O desafio é trazer ao Brasil o conceito que a marca possui no mercado europeu. "Na Europa, o Gordini é uma versão esportiva, com apelo de rali. E no Brasil há outra conotação, porque é ligado ao Dauphine", afirmou. "Sem dúvida, é um nome que me interessa, mas vamos refletir sobre a maneira que deveremos utilizá-lo", ressaltou.

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Entre os assuntos polêmicos que mais envolvem o setor, o aquecimento global — debatido de 7 a 18 de dezembro na Conferência da ONU some Mudanças Climáticas (COP 15) —, o presidente da Renault defende o desenvolvimento de carros elétricos, com zero emissão de gases poluentes, mas argumenta que apenas 15% dos gases causadores do efeito estufa são gerados pelos carros. "A Renault globalmente pensa que tem um papel importante a trabalhar nesse combate do aquecimento global e se engaja para ser o fabricante mais ativo nesse domínio", argumentou.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista

Sobre os números da Renault, 2009 foi um importante ano de vendas, mas a empresa perdeu a quinta posição para a Honda em participação de mercado. Como a Renault enxerga a sexta colocação?

Jean-Michel Jalinier — Nós perdemos uma colocação no mercado porque o ano de 2009 foi difícil para nós, por ser muito contrastante. No começo do ano, faltaram veículos no mercado, porque paramos a nossa fábrica por causa da crise que chegou ao final de 2008. Ao mesmo tempo, o governo decidiu reduzir o IPI. Essa medida foi extremamente importante e teve efeitos muito rápidos sobre o mercado, superior ao que prevíamos. No início, nós precisamos suspender 1 mil funcionários e, por isso, durante os primeiros três meses faltou produto.Mas na segunda parte do ano, tudo voltou ao normal e tivemos forte crescimento. Então, por causa do início do ano perdemos participação de mercado.

Vocês pretendem passar a Honda em 2010?

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Jean-Michel Jalinier — Isso.

Qual é a ambição da Renault para 2010, considerando participação de mercado, produção e vendas?

Jean-Michel Jalinier — Em 2010 nós queremos continuar nosso crescimento e vamos nos apoiar numa gama de produtos jovem para crescer. Nosso objetivo é atingir 5% de participação de mercado em 2010 (a participação atual é de 3,9% ao considerar automóveis e comerciais leves). É uma expansão importante em relação à metade deste ano e um crescimento razoável ao considerar a tendência de expansão que nos encontramos ao final do ano. Se o mercado no ano que vem for de 3 milhões de unidades (automóveis e comerciais leves), 5% representará 150 mil veículos a ser vendidos e fabricados nas nossas fábricas.

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