Paris - A Renault e o governo do Paraná estão costurando um termo de compromisso que prevê incentivos para a empresa ampliar investimentos no estado. O projeto, que deve ser fechado dentro de dois meses, prevê a ampliação em 75% da produção anual, de 200 mil para perto de 350 mil automóveis, o lançamento de novos modelos e a geração de pelo menos mil novos empregos no complexo industrial da empresa em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba).
As negociações estão adiantadas, e devem ser concluídas em dois meses. O governador Beto Richa se encontrou ontem com o novo diretor de operações da Renault, Carlos Tavares, para tratar do assunto, na sede da empresa, em Boulogne Billancourt, na região de Paris. "As conversas estão caminhando bem", disse Tavares, executivo de origem portuguesa que hoje é o segundo homem mais poderoso da Renault, atrás do presidente Carlos Ghosn.
A empresa, que já trabalha com o terceiro turno de produção na fábrica brasileira, tem planos de elevar de 5% para 8% a sua participação no mercado brasileiro até 2016. Segundo Tavares, o objetivo é conquistar 10% do mercado no médio prazo, contando também com os números da coligada Nissan.
A Renault já anunciou que está investindo R$ 1 bilhão entre 2010 e 2013, mas quer garantir condições e incentivos para assegurar projetos pelo menos até 2016. O novo projeto significaria o equivalente a uma nova fábrica, com investimentos pesados, segundo o governador Beto Richa. "O projeto é grande e queremos que ele venha para o estado. Temos noção da importância dele", disse. Em paralelo, a Nissan, que anunciou recentemente a intenção de construir uma nova fábrica no Brasil, está negociando com o Paraná e outros estados, como Rio de Janeiro, segundo Richa.
Representantes do governo e da empresa vêm se reunindo para discutir as possibilidades de incentivo. Ao que tudo indica, a Renault não está interessada no principal benefício do programa de incentivos Paraná Competitivo, que permite a prorrogação do prazo de pagamento de ICMS por oito anos.
De acordo com o diretor de relações institucionais, Antonio Calcagnotto, a Renault tem interesse na redução da alíquota do ICMS nas importações ou operações interestaduais e melhorias nas condições de operações do Porto de Paranaguá em 2010 a empresa transferiu parte das importações de veículos para o porto de Vitória (ES) , com ampliação da área destinada aos automóveis e melhorias de acesso ao terminal. "Queremos redução de ICMS porque precisamos reduzir o custo do produto. A prorrogação do recolhimento melhora o caixa da empresa, que é interessante para empresas que estão se instalando, mas não é o nosso caso", afirma.
A Renault quer garantir condições competitivas com o cenário de maior concorrência, principalmente pelo apetite crescente das chinesas pelo mercado brasileiro. Com o fraco desempenho na Europa e nos Estados Unidos, em função da crise global, a tendência é de que as marcas atuem de forma mais agressiva em mercados aquecidos, como o Brasil.
Segundo Calcagnotto, a guerra fiscal entre os estados se sofisticou e está cada vez mais competitiva. No Rio Grande do Sul, a GM conseguiu amarrar os investimentos a uma redução no ICMS interestadual. No Espírito Santo, as importações pelo porto de Vitória têm desconto no ICMS que pode variar de 6% a 11%.
A jornalista viajou a convite da Renault do Brasil.