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Ghosn: crise internacional deve afetar o Brasil,  mas sem derrubar o crescimento econômico | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Ghosn: crise internacional deve afetar o Brasil, mas sem derrubar o crescimento econômico| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Disputa

Cinco estados queriam o projeto

O Paraná concorreu com outros quatro estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco – o investimento da Renault. "Tinhamos a certeza que iríamos investir no Brasil, mas não estava certo de que seria no Paraná", afirmou o presidente da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn.

Segundo o secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, o estado concedeu tudo o que seria possível para trazer o investimento. Apesar de evitar falar sobre o conteúdo dos termos da negociação, ele confirmou que a empresa terá benefícios como a prrogação dos prazos de pagamento de ICMS para os novos veículos e alíquota reduzida de ICMS na importação. "Elaboramos uma equação que foi favorável para ambas as partes. Analisamos a cadeia de produtivas ligadas à empresa", disse.

Em troca, a Renault se compromete a fazer 90% das suas importações e exportações pelo porto de Paranaguá. A empresa também terá de investir por dez anos e a permanecer no estado por pelo menos mais 20 anos.

Apesar de garantir o projeto de ampliação da Renault, o Paraná perdeu o investimento da nova fábrica da Nissan, que será anunciado hoje por Ghosn no Rio de Janeiro. A Nissan, que tem uma fábrica em São José dos Pinhais, deve anunciar uma linha de montagem com capacidade de 200 mil veículos por ano em Resende.

Política

Requião "maltratou" a montadora, diz Richa

O ex-governador e atual senador Roberto Requião (PMDB) foi criticado ontem durante a cerimônia de assinatura do protocolo de intenções dos novos investimentos da Renault no Paraná. Em seu discurso, o governador Beto Richa disse que o acordo com a montadora francesa era um "desagravo" em relação ao que a montadora teria sofrido no governo anterior.

"É um desagravo contra os maus tratos dispensados pelos oito anos do governo anterior", afirmou. O presidente mundial da Renault concordou. "Em oito anos de governo, não consegui me reunir uma única vez com o governador [Requião]. E, nesse período, visitei pelo menos uma vez por ano a fábrica do Paraná", disse.

A falta de diálogo com o governo anterior teria feito a empresa optar pela produção do sedã Fluence, na Argentina. Ghosn lembrou da relevância da empresa para o Paraná, ao citar que a Renault é a segunda maior empresa em faturamento e a maior exportadora do estado.

A Renault deve produzir 13 novos modelos de veículos no Brasil até 2016, como parte do plano de expansão das operações da empresa, que quer elevar sua participação no mercado nacional de 6% para 8% nesse período. Segundo o presidente mundial da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, a montadora tem planos de ampliar seu mix de produtos no país. "Hoje, com nossos veículos, cobrimos 76% do mercado. O objetivo é chegar a 90%", afirmou ontem o executivo brasileiro, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), ao confirmar o investimento de R$ 1,5 bilhão na expansão das operações no Paraná.Os planos da empresa – antecipados pela Gazeta do Povo na semana passada – preveem, além da produção de novos modelos na fábrica de São José, a criação de um centro de desenvolvimento de produtos e de engenharia, e um centro de internalização de carros e peças, que será instalado em Piraquara. O projeto, que contempla o período de 2010 a 2015, será enquadrado no programa de incentivos Paraná Competitivo, do governo do estado, e deve gerar 2 mil empregos – incluindo mil já contratados neste ano.

Do total de R$ 1,5 bilhão, R$ 500 milhões vão para equipamentos e construção de prédios. O valor restante, que já está sendo aplicado, vai para engenharia e desenvolvimento de produto. Com os investimentos, a fábrica de São José dos Pinhais vai elevar a produção de 40 para 60 carros por hora. A capacidade anual será elevada em 100 mil unidades, atingindo 383 mil carros por ano. O primeiro carro da nova série de lançamentos, o utilitário esportivo Duster, foi lançado na terça-feira.

Crise

A crise internacional deve afetar o Brasil, mas não deve derrubar o crescimento do país, na avaliação de Ghosn. Segundo ele, o país é um dos pilares da estratégia de desenvolvimento do grupo e deve se tornar, ainda neste ano, o segundo maior mercado da montadora, atrás apenas da França.

"Quando olhamos para o Brasil, olhamos para um período de 20 anos. É um país rico e com muito potencial, com recursos enormes, inclusive de petróleo, e uma demografia favorável. Não quer dizer que o Brasil vai passar ileso pela crise, mas ele vai continuar a crescer", afirmou.

Ao se referir ao recente aumento da tributação de carros importados, Ghosn disse que para se ter êxito no Brasil é preciso investir no país – a elevação do IPI atinge principalmente marcas chinesas, que não têm fábrica no país.

Nacionalização

A Renault tem planos de aumentar a nacionalização dos seus veículos, hoje em 65%. "Quando se compara o nível de integração que temos em países como China e Índia, onde ele chega a 90%, ainda temos muito que avançar", disse o presidente. A empresa tem hoje 55 fornecedores no Paraná.

Em discurso na tarde de ontem aos cerca de 6 mil funcionários da empresa em São José dos Pinhais, Ghosn lembrou que a empresa planeja vender 3 milhões de veículos no mundo em 2013, um quarto deles no Brasil. A empresa também tem planos de dobrar a rede de concessionárias – que deve fechar esse ano em 200 lojas – até 2016.

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