A Renault anunciou ontem que vai investir R$ 500 milhões na operação brasileira entre 2014 e 2019. Os recursos serão aplicados no desenvolvimento de dois veículos na fábrica de São José dos Pinhais e na construção de um centro de distribuição, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.
Segundo o presidente mundial do grupo, Carlos Ghosn, os dois novos produtos vão representar a entrada da montadora em segmentos de mercado em que a companhia não atua. A empresa já monta no Brasil os modelos Sandero, Logan, Duster e Master esse último na fábrica que tem em parceria com a Nissan.
Ghosn não detalha quais serão os novos produtos. Nos últimos meses, especula-se no mercado que a montadora teria interesse em entrar no segmento de picapes, com uma versão do Duster, e trazer para o Brasil, via importação, o modelo de utilitário Captur, que é um sucesso na Europa.
Os R$ 500 milhões se somam aos R$ 1,5 bilhão que foram investidos pela empresa até esse ano. Segundo a companhia, esse ciclo de investimentos que era previsto para durar entre 2010 e 2015 teve sua conclusão antecipada. Ambos os investimentos foram enquadrados no programa de incentivos Paraná Competitivo. O presidente do grupo assinou o protocolo de intenções com o governo do Paraná em evento ontem no Palácio Iguaçu.
Ampliação
No ano passado, a fábrica de São José dos Pinhais teve a capacidade de produção ampliada em 100 mil unidades, para 380 mil unidades, para poder atender a produção de novos veículos.
Ghosn, que no dia anterior esteve no Rio de Janeiro para a inauguração da nova fábrica da Nissan em Resende, diz que a meta da empresa é alcançar 8% de participação de mercado até 2016. Hoje a marca francesa tem 6,7%.
Segundo o executivo, apesar do fraco desempenho do mercado automotivo nacional, reflexo da queda nas vendas no país e na Argentina, os planos da empresa são de longo prazo. "Quando fazemos esse investimento estamos pensando em dez, quinze anos para frente. Embora o mercado não esteja o que esperávamos, ainda há um grande potencial. O índice de motorização no Brasil está em 175 a cada mil habitantes, contra 500 a cada mil habitantes em um país europeu médio" diz.
Ghosn, no entanto, classificou de "decepcionante" os resultados do mercado nos primeiros meses do ano. "A Anfavea (entidade que congrega as montadoras) prevê uma estagnação do mercado em 2014 ou até mesmo uma ligeira queda", acrescenta.
Do novo ciclo de investimentos, R$ 240 milhões serão destinados à construção de um novo centro de distribuição de peças, que vai abastecer a rede de revendas e as exportações. O novo armazém, com 66 mil metros quadrados, deve ficar pronto no segundo semestre de 2015 e gerar cerca de 250 empregos.
Negociação - Governo agenda reunião para tentar destravar comércio com Argentina
Folhapress
A presidente Dilma Rousseff determinou ontem uma nova rodada de negociações com a Argentina para reduzir restrições para a exportação de veículos automotores. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, na semana que vem o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, deverão ir ao país vizinho discutir a situação.
A Argentina é o principal parceiro comercial das fábricas brasileiras do setor. Compra nove de cada dez carros exportados pelo Brasil. O país vive uma crise cambial e adotou, em dezembro, medidas de restrição de até 27,5% na compra de importados para conter a deterioração das reservas.