Curitiba A perda de renda do produtor rural, em conseqüência da estiagem verificada no início do ano e da queda dos preços agrícolas, continua se refletindo nas vendas do comércio varejista paranaense. Ao contrário do que vem mostrando os números nacionais, o comércio do Paraná voltou a registrar queda no volume de vendas em julho.
De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na média brasileira as vendas do comércio cresceram 4,5%, em relação a julho do ano passado. No Paraná, o faturamento do comércio varejista caiu 0,48%. O estado só teve resultados positivos este ano em janeiro, março e junho. Dos 27 estados pesquisados, houve queda também no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso por causa das perdas agrícolas.
Dois setores voltaram a puxar para baixo os números do comércio paranaense: supermercados e hipermercados (-6,41%) e combustíveis e lubrificantes (-4,83%). Por outro lado, a queda do dólar continua favorecendo a venda de equipamentos de informática e de comunicação, que cresceu em julho, no estado, 79,47%, acompanhando tendência nacional. Já a forte concorrência entre as farmácias, principalmente em Curitiba, está atraindo os consumidores. O setor elevou suas vendas em julho em mais de 11%.
Segundo explica o consultor de varejo Moacir Moura, a abertura de hipermercados está dividindo as vendas e se refletindo nos resultados do setor. Ele observa que a maior queda está nos hipermercados. Com os preços dos produtos mais consumidos em baixa, os consumidores estão optando por fazer suas compras nos supermercados de vizinhança e mercados de pequeno porte, mais próximos de suas residências. "Neste segmento, as vendas aumentaram este ano em 8%", observa o consultor.
Moura explica que como a renda dos paranaenses depende do desempenho da agricultura, uma quebra de safra, como a que ocorreu este ano, acaba atingindo com maior intensidade os supermercados do interior. Esta também é a opinião do consultor econômico da Federação do Comércio Varejista do Paraná (Fevarejista), Vamberto Santana, para quem a crise no campo e a perda da renda do produtor se refletem no comportamento das vendas não só dos supermercados, mas também de outros setores.
Moacir Moura chama a atenção para o fato de que as pessoas estão se alimentando mais fora de casa, seja em restaurantes ou em empresas em que trabalham. Com isso, passam a ir menos aos supermercados. Já os restaurantes e empresas que fornecem alimentação fazem suas compras diretamente da indústria.
Na média brasileira, o volume de vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceu 3,33% sobre julho de 2004 e também exerceu significativa influência no crescimento do varejo nacional. Este resultado, informa o economista do IBGE, Reinaldo Silva Pereira, foi influenciado pela estabilidade no nível de ocupação e pelo aumento de 2,5% (sobre junho de 2005) no rendimento médio real da população ocupada nas seis regiões investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego.
Em julho, o maior impacto positivo sobre a taxa mensal do volume de vendas do comércio varejista continuou sendo da atividade móveis e eletrodomésticos, que vem atingindo taxas de desempenho acima da média, beneficiado pela manutenção de condições favoráveis do crédito direto ao consumidor e, também, pelos empréstimos pessoais consignados em folha.
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