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Trabalho

Com alta de 0,08%, produtividade em baixa também freia crescimento

A produtividade poderia ser a grande salvação econômica do país em um cenário de mercado de trabalho no limite. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), somente com uma alta média de 3% ao ano na produtividade do trabalho seria possível fazer a economia crescer na casa de 4% ao ano, de 2012 a 2022.

No entanto, o país não conseguiu aumentar sua produtividade neste patamar ao longo dos últimos anos. Em um cálculo que leva em conta as horas trabalhadas e o valor do que é produzido, a produtividade no Brasil não cresce próximo dos 3% desejáveis desde 2007. No ano passado, a alta foi de 0,8%, e em 2012 a produtividade se retraiu em 0,9%.

Na média, a expansão do emprego nos últimos anos veio acompanhada de uma desaceleração na produtividade. Se de 2006 a 2010 o aproveitamento cresceu 2%, de 2010 a 2013 a alta da produtividade ficou em apenas 0,4%, segundo os cálculos do Ibre/FGV.

Para o professor de economia do trabalho José Silvano Braga, a baixa produtividade preocupa principalmente quando o emprego dá sinais de ter atingido seu limite. "Fica claro que a economia só cresceu em função de uma expansão nas contratações, mas que se estabiliza com o pleno emprego", afirma.

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Com crescimento real de apenas 1,8% em 2013, a alta na renda média do trabalhador brasileiro apresenta sinais de esgotamento. Pior, a desaceleração nos índices de emprego e a inflação persistente apontam para um panorama parecido em 2014. Com isso, o crescimento do país, sustentado nos últimos anos pelo consumo, deve ficar comprometido.

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INFOGRÁFICO: Confira os sinais de redução da renda

A lentidão no aumento da renda deu seus primeiros sinais no ano passado, quando o rendimento real médio mensal do trabalhador ficou em R$ 1.929. Uma alta abaixo dos 2% em relação ao ano anterior não ocorria desde 2005, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. A desaceleração fica ainda mais evidente se comparada ao ritmo de crescimento dos anos anteriores: em média, o salário do brasileiro aumentou 4,1% em 2012 e 2,7% em 2011, descontada a inflação.

A estagnação na oferta de vagas – a ocupação cresceu apenas 0,7% no último mês de 2013 – contribui para este fenômeno. "Os trabalhadores perdem poder de barganha para negociar reajustes melhores", afirma a técnica da Coordenação de Emprego e Renda do IBGE, Adriana Araújo Beringuy.

Crescimento em risco

O cenário projetado por especialistas para este ano é basicamente o mesmo. Com poucos sinais de recuo da inflação e as contratações chegando ao limite, a expectativa de crescimento da economia em geral não poderá contar com um avanço muito expressivo na renda para 2014.

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Para o especialista em economia do trabalho da Universidade Federal Flumi­nense Agnaldo Beduschi, esse é um dos fatores mais preocupantes para que se atinja um bom índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ao final do ano. "A renda estável mina um dos principais impulsionadores da nossa economia nos últimos anos, que é o consumo. Não vejo outra forma de proporcionar um crescimento robusto em curto prazo."

José Silvano Braga, professor de Economia do Trabalho da PUC-RS, diz que a política econômica baseada no consumo já apresentava sinais de desgaste nos últimos meses.

"A desaceleração da renda só sepulta uma escolha equivocada do governo", avalia. Ele afirma que o aumento na taxa básica de juros é outro fator inibidor das compras. "Não existe incentivo ao consumo com renda em queda, inflação alta e juros crescentes", completa.

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