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Renda do trabalhador cai pelo 9º mês com inflação alta e mercado em baixa

O rendimento médio mensal do brasileiro completou, em setembro, o nono mês consecutivo de queda real, ou seja, já descontada a inflação, na comparação anual.

A informação consta da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgada nesta quinta-feira (19), que apontou taxa de desemprego de 7,9% em outubro.

O rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.182, queda de 7% em relação ao verificado em igual período do ano passado. Em outubro do ano passado, o rendimento médio real do trabalhador era de R$ 2.345.

Foi a maior queda real na renda para o mês de outubro desde 2003, quando o país havia registrado recuo de 13%.

Na passagem de setembro para outubro deste ano, a renda teve queda real de 0,6%.

Inflação e mercado de trabalho

De acordo com a técnica da Coordenação de Emprego e Renda do IBGE, Adriana Beringuy, a queda real na renda tem duas origens: inflação alta e a piora do mercado de trabalho.

A inflação, um dos principais fatores que corroem a renda do trabalhador, atingiu 9,93% no acumulado em 12 meses encerrados em outubro, tendo impacto direto no indicador.

Segundo ela, como há o aumento das demissões e uma maior procura por emprego, o trabalhador perde o poder de barganha sobre seu salário.

Em períodos de mercado aquecido, a mobilidade resultante do aumento das ofertas de emprego pressiona os salários para cima. “As empresas estão dispensando e não há novas contratações. Os trabalhadores não estão num bom momento para receber aumentos ou promoções”, explicou.

Renda e desemprego

O efeito da perda de renda tem tido impacto na taxa de desemprego. Com a piora do nível salarial, mais pessoas passam a procurar empregos.

Indivíduos que estavam fora do mercado de trabalho se veem compelidas a buscar uma oportunidade ao verificar que a renda dos demais integrantes da família está mais apertada.

Esse fator pressiona a fila por emprego. A chamada população desocupada – desempregados em busca de inserção – atingiu 1,91 milhão em outubro.

No intervalo de um ano – outubro ante outubro de 2014 – o contingente cresceu 67,5%, recorde histórico da pesquisa, iniciada em 2002. No período, 771 mil pessoas ingressaram na fila por emprego.

A queda na renda acumula nove meses de retração na comparação anual. Em fevereiro, o indicador teve sua primeira queda real no ano, de 0,5%.

Em maio, o recuo foi de 5%. Outubro, com queda de 7%, foi o recorde para mês nos últimos doze anos.

Carteira

A piora no mercado de trabalho se traduziu em perda de postos formais e informais.

O número de trabalhadores com carteira assinada recuou 4% na comparação anual, com perda de 470 mil postos formais no período. Já os postos informais tiveram uma perda 173 mil vagas -o contingente sem carteira recuou 8,7% no período.

Na comparação de outubro com setembro, houve queda de 0,8% nos postos formais e de 4,5% nos informais.

Na outra ponta aumentou a quantidade de trabalhadores por conta própria, mas não suficiente para manter o saldo positivo. A categoria encerrou outubro com 4,4 milhões.

No ano, o número cresceu 0,6%, ou 28 mil novos postos, e no mês, 1%, com 43 mil novas vagas.

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