A falta de dinheiro para consumir o estritamente necessário e a alta dependência de endividamento são problemas que acabam afetando não só as famílias que têm renda mensal de um salário mínimo, mas também toda a sociedade. "Cerca de 70% da população brasileira vive com renda abaixo de quatro salários mínimos. É padrão de subconsumo. Pior ainda quando se avalia só os mais pobres. Eles vivem sempre muito dependentes e, sem querer, contribuem para que o país não cresça", diz o economista Judas Tadeu Grassi Mendes, diretor-presidente da Estação Business School.

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Entre os que ganham pouco, mais renda provoca grande aumento no consumo. "O rico, quando passa a ganhar mais, aumenta a parcela de poupança. O pobre não: 100% do aumento de renda se converte em consumo", diz Mendes. O professor Cláudio Dedecca, do Instituto de Economia da Unicamp, concorda. "O salário mínimo vai prontamente ao mercado através do consumo e contribui muito pouco para o crescimento da economia", diz ele.

Um aumento de renda, além de permitir consumir mais, possibilita que as famílias se alimentem melhor. Conforme a renda melhora, mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, diminui o consumo de farinha de mandioca e aumenta a quantidade de leite e carne no cardápio das famílias. Elas também passam a incorporar mais frutas e verduras na alimentação. "Quem ganha pouco consome fundamentalmente alimentos baratos, que dão energia, mas são deficientes em proteínas e vitaminas. Pode até ser gordinho, mas é mal nutrido", explica Eugênio Stefanelo, do Departamento de Economia da UFPR. Para ele, com o atual salário mínimo, as famílias são apenas consumidoras potenciais. "São consumidoras potenciais porque têm necessidades. Não são efetivas, porque não têm renda suficiente para isso". (PK)

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