O novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães.| Foto: Valter Campanato/ABr

A renegociação de dívidas anunciada pela Caixa Econômica Federal e que começa a vigorar nesta terça-feira (28) não incluirá débitos com garantia, como crédito habitacional, e também exigirá que o cliente tenha em mãos o dinheiro para pagar o valor acertado com o banco.

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As informações foram dadas pelo presidente do banco, Pedro Guimarães, em entrevista coletiva. Ele explicou que a escolha por contratos sem garantia se deu porque os atrelados a um bem, como imóveis, podem ser retomados pela instituição financeira.

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A campanha vai durar 90 dias a contar a partir desta terça e abrangerá contratos lançados a prejuízo pela instituição financeira, ou seja, com atraso acima de 360 dias. As dívidas devem estar vencidas até quatro anos.

"Isso garante que a Caixa não tenha perda. Não vamos renegociar com quem ainda tem um período onde o crédito está no balanço. Todos os créditos renegociados estão fora do balanço", afirmou Guimarães, que ressaltou ainda que os contratos não podem ter suspeita de fraude.

Apesar de estarem de fora nessa primeira campanha, o crédito habitacional deve ganhar uma renegociação própria, que será anunciada pelo banco nas próximas semanas, segundo o presidente.

Como vai funcionar a renegociação com a Caixa

As dívidas têm valor entre R$ 50 e R$ 5 milhões. Segundo o banco, 69% dos clientes pessoas físicas possuem dívida até R$ 500. De R$ 500 a R$ 1.000 são mais 500 mil, enquanto 100 mil clientes devem de R$ 1.000 a R$ 2.000. São 2,629 milhões de pessoas físicas e 319.960 pessoas jurídicas. Até 60% dos clientes têm renda até R$ 1.500, e outros 23% têm renda de até R$ 3.000.

O banco vai oferecer desconto de 40% a 90% -o médio deve ficar em torno de 86%. O valor vai ser definido a partir do perfil do cliente -faixas com mais dificuldade de quitar a dívida receberão abatimento maior.

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Pelas contas de Guimarães, se todos os clientes pagassem, o banco recuperaria R$ 4,1 bilhões. Mas ele trabalha com um número menor, de R$ 1 bilhão.

Inicialmente, o pagamento só poderá ser feito à vista, mas Guimarães afirma que, se perceber que os clientes estão com dificuldade de quitar em uma só vez a dívida, poderá pedir ao conselho de administração e à assembleia de acionistas autorização para oferecer o parcelamento do débito.

O banco vai consultar o cliente para saber qual a melhor forma de enviar o boleto.

A iniciativa deve ajudar a melhorar as contas do banco, que tem adotado outras medidas para aumentar sua lucratividade, como o programa de demissão voluntária que deve cortar 3.500 postos de trabalho na Caixa.

É uma aposta também para ajudar a reativar a economia, em meio a uma enxurrada de notícias negativas para o governo no campo econômico e político. Nas últimas 13 semanas, analistas e economistas têm reduzido a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 -começou o ano em 2,53%, mas já está em 1,23%.

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