A mudança nas regras de remuneração das cadernetas de poupança foi feita de forma habilidosa porque coloca fim a um investimento cuja rentabilidade era uma anomalia. A avaliação é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Na quinta-feira (4), o governo federal anunciou que se o Banco Central decidir cortar a taxa básica de juros da economia para 8,5% ao ano ou menos, a poupança passará a remunerar o investidor na proporção de 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR) para depósitos feitos a partir desta sexta-feira.
Indagado se as novas regras não trariam prejuízos para o poupador, o economista disse que não, apesar de, do ponto de vista individual, ser difícil perceber os benefícios coletivos. "Não vai causar prejuízos. O que vai acontecer é que eles vão deixar de ganhar o que não deveriam ganhar, que era uma anomalia. Qual é o benefício? É difícil perceber isso do ponto de vista individual. O governo tem que olhar isso do ponto de vista coletivo e olhando do ponto de vista do conjunto, manteve a garantia que não vai deteriorar o valor dos estoques de riqueza acumulados, mas ao mesmo tempo vai dar uma remuneração compatível com crescimento da renda, do emprego e da riqueza nacional", disse.
Belluzzo participa nesta manhã do seminário "Brasil 2020 - Rumos da Economia", realizado pela Revista Brasileiros. Para ele, a alteração das regras da poupança é compatível com a queda da taxa básica de juros (Selic). Ainda de acordo com Belluzzo, o poupador terá que se acostumar com a nova rentabilidade da poupança porque ela está de acordo com o que é praticado no resto do mundo. "Depois de muitos anos de estabilização, estamos caminhando para uma economia normal, com juros baixos, baixa inflação e geração de emprego e renda", disse.
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