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Petróleo

Repar chega aos 30 com canteiro de obras e orçamento de R$ 5 bi

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Assista à reportagem em vídeo (Foto: TV Globo)

O visitante que caminha pela Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (região metropolitana de Curitiba), vê tubulações quilométricas, tanques e torres com dezenas de metros de altura e é informado de que ali trabalham 1,5 mil pessoas, divididas em três turnos. Mas como quase tudo é comandado a partir de centrais de controle automatizadas, não vê muita gente circulando, e quase não acredita que está no maior complexo industrial do Sul do país: não vê o processo, nem os produtos. No máximo, fica sabendo de onde o petróleo vem, e para onde seus derivados vão. Sinais mais evidentes de produção, só no barulho incessante das máquinas e turbinas, e, lá no alto, na fumaça das chaminés e de tochas que queimam o gás excedente a mais de 100 metros de altura.

Para se convencer de que existe uma fábrica em funcionamento, convém prestar atenção aos gestos e explicações do gerente de produção Luiz Carlos Boizan: "O petróleo bruto chega até a unidade de destilação, onde se consegue separar diesel e nafta. O óleo que sobrou segue até a unidade lá na frente, onde é feito o craqueamento catalítico". Daí em diante, cabe ao visitante imaginar o que se passa dentro do emaranhado de tubos de aço.

Mas o ar de tranqüilidade da refinaria, cuja inauguração completa hoje 30 anos, está com os dias contados. Nas próximas semanas, o zumbido constante que se ouve no complexo – que funciona 24 horas por dia, de domingo a domingo – dará lugar ao ronco dos tratores, escavadeiras e patrolas que vão preparar os terrenos que, nos próximos meses, serão ocupados por caminhões, guindastes e alguns milhares de operários. Falta pouco para a Repar passar pelo maior processo de ampliação e modernização de sua história.

O orçamento das cinco carteiras de projetos já anunciadas chega a US$ 2,53 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões), e ainda falta o detalhamento de outros dois complexos. Nenhuma outra unidade de refino da Petrobrás, área que receberá US$ 14,3 bilhões nos próximos cinco anos, terá tanto dinheiro à disposição. "É como se construíssemos uma nova refinaria. A área construída do complexo industrial vai dobrar de tamanho", prevê o gerente geral da refinaria, João Adolfo Oderich.

Qualquer que seja o investimento, será maior que o aplicado, por exemplo, pelas três montadoras de automóveis que se instalaram no Paraná nos anos 90 – Volkswagen, Renault e Chrysler destinaram juntas pouco mais de US$ 2 bilhões para construir suas fábricas. Na comparação com todas as obras já feitas na Repar, o orçamento dos próximos anos perde apenas para o dinheiro usado em sua construção, nos anos 70 (cerca de US$ 4 bilhões).

Entre fevereiro e outubro do ano que vem, quando estarão em curso pelo menos cinco obras ao mesmo tempo, cerca de 12 mil operários estarão trabalhando simultaneamente na área da refinaria, de acordo com o gerente de recursos humanos da Repar, Juarez Casnok. É mais, até, do que as 10 mil pessoas empregadas no pico da construção, em 1976. Nos últimos anos, só houve movimento semelhante na parada geral de manutenção de 2004, que mobilizou 5,5 mil trabalhadores.

A intenção é que, em outubro de 2008, todos os equipamentos que não exigem a interrupção do funcionamento do complexo estejam instalados. Ocorrerá, então, uma parada geral de três meses para a conclusão da destilaria, unidade que faz a primeira etapa do refino do petróleo. O gerente de empreendimentos, Oscar Tokikawa, assegura que a Petrobrás já está se programando para que, nesse período, outras refinarias garantam o abastecimento de combustíveis no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo, áreas hoje atendidas pela Repar.

Enquanto isso, a prefeitura de Araucária e empresas de pequeno porte se preparam para aproveitar os esperados efeitos positivos do investimento – o aumento na arrecadação de impostos, a possibilidade de fornecer para as contratadas da Petrobrás e a geração de empregos indiretos –, bem como limitar os possíveis problemas sociais causados pela atração de desempregados para o município.

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