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Repartição pública está mais jovem que há dez anos

Perelles estuda para o concurso da PF e espera, por ser mais novo, ter vantagem no teste físico | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Perelles estuda para o concurso da PF e espera, por ser mais novo, ter vantagem no teste físico (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Os órgãos públicos, antes povoados pelo estereótipo do funcionário público de meia-idade, estão sendo tomados pelos jovens. De acordo com os dados estatísticos do boletim de pessoal do Ministério do Planejamento dos últimos dez anos, o número de funcionários públicos federais com menos de 30 anos triplicou – eram 25 mil e hoje são 71 mil. A proporção, que em 2003 era de um jovem a cada 20 funcionários, hoje está em um concursado de até 30 anos para cada seis pessoas.

Especialistas em carreira, concursados e aspirantes a funcionários públicos apontam uma razão comum: as remunerações iniciais, que chegam a R$ 15 mil, são muito maiores do que primeiro salário de qualquer carreira na iniciativa privada.

Evolução na carreira pública é mais lentaAinda que cada vez mais jovens procurem a carreira pública, ela pode não ser indicada para todos os integrantes da chamada "Geração Y" – nascidos na década de 1980 e conhecidos, entre outras características, pela inquietude e ansiedade. Para o gerente da consultoria de recrutamento HAYS em Curitiba, Thiago Sebben, a evolução de uma carreira pública é mais lenta do que na iniciativa privada. "É uma questão de perfil. Tem pessoas que se adaptam bem a essa dinâmica. Mas se a pessoa não se informa muito bem sobre as atribuições da vaga, as chances de se decepcionar são grandes", alerta.Sebben também alerta para o ambiente de trabalho. "É comum haver um choque de gerações, entre os recém contratados e aqueles funcionários que estão naquela posição há dez, quinze anos", afirma. Ele explica que na iniciativa privada, os cargos costumam ser ocupadospor pessoas de faixas etárias mais próximas. De acordo com Thiago Medeiros, gerente da ManpowerSpecialist, também de recrutamento, os jovens que procuram uma evolução rápida na carreira devem se voltar para as empresas privadas. "É um outro clima. Varia entre as corporações, mas a possibilidade de ascensão profissional é muito maior", avalia.Mesmo assim, há quem se decepcione com a iniciativa privada e veja maiores perspectivas de carreira e dinamismo nos órgãos públicos. Nortthon Didyk, de 27 anos, largou a carreira de professor de física aos 24 pelo posto de perito da polícia científica. "A profissão de físico não é valorizada na iniciativa privada no Brasil", reclama. "Como perito eu tenho mais autonomia e posso ser mais produtivo", analisa o perito.

"Duvido que algum colega de faculdade ganhe um salário como o meu. Nem o primeiro da turma", afirma o analista tributário da Receita Federal Emanuel Santos, de 27 anos, formado em educação física. Os R$ 8 mil que recebe como concursado desde o ano passado são mais do que o triplo do salário de R$ 2,5 mil que recebia como personal trainner.

A estabilidade, que sempre esteve atrelada ao funcionalismo público como principal chamariz para as gerações anteriores, ainda é importante, mas não tão fundamental quanto a remuneração.

Para o professor de economia e mercado de trabalho da Unesp, Floriano Camargo, essa característica fica ainda mais evidente em um momento em que existe boa oferta de emprego. "O salário se torna mais determinante do que a estabilidade. Um jovem sabe que pode conseguir outro emprego na empresa concorrente, mas não tem certeza se o salário será melhor. Neste contexto, algumas carreiras públicas levam vantagem", afirma Camargo.

Procura

O fenômeno se repete nos cursinhos preparatórios para as seleções. "Pelas turmas que eu passei, a grande maioria sempre foi de jovens", conta o designer e concurseiro desde 2004, Cezar Eduardo Perelles, de 28 anos. Ele espera que sua juventude pese a seu favor na prova da Polícia Federal (PF), que exige testes físicos. "É uma condição que favorece os mais novos", completa.

A média de idade dos aprovados nos concursos da PF é de 36 anos, mais de dez acima dos cargos com menor média etária entre os concursos federais. No ano passado, por exemplo, os analistas técnicos da Superintendência de Seguros Privados tinham em média 22 anos, mesmo com a exigência de curso superior completo para a vaga.

Evolução na carreira pública é mais lenta

Ainda que cada vez mais jovens procurem a carreira pública, ela pode não ser indicada para todos os integrantes da chamada "Geração Y" – nascidos na década de 1980 e conhecidos, entre outras características, pela inquietude e ansiedade.

Para o gerente da consultoria de recrutamento HAYS em Curitiba, Thiago Sebben, a evolução de uma carreira pública é mais lenta do que na iniciativa privada. "É uma questão de perfil. Tem pessoas que se adaptam bem a essa dinâmica. Mas se a pessoa não se informa muito bem sobre as atribuições da vaga, as chances de se decepcionar são grandes", alerta.

Sebben também alerta para o ambiente de trabalho. "É comum haver um choque de gerações, entre os recém contratados e aqueles funcionários que estão naquela posição há dez, quinze anos", afirma. Ele explica que na iniciativa privada, os cargos costumam ser ocupadospor pessoas de faixas etárias mais próximas.

De acordo com Thiago Medeiros, gerente da ManpowerSpecialist, também de recrutamento, os jovens que procuram uma evolução rápida na carreira devem se voltar para as empresas privadas. "É um outro clima. Varia entre as corporações, mas a possibilidade de ascensão profissional é muito maior", avalia.

Mesmo assim, há quem se decepcione com a iniciativa privada e veja maiores perspectivas de carreira e dinamismo nos órgãos públicos. Nortthon Didyk, de 27 anos, largou a carreira de professor de física aos 24 pelo posto de perito da polícia científica. "A profissão de físico não é valorizada na iniciativa privada no Brasil", reclama. "Como perito eu tenho mais autonomia e posso ser mais produtivo", analisa o perito.

Paraná tem 3.ª menor média de idade do país

O Paraná tem a terceira menor média de idade do país. Os servidores públicos ativos locais lotados nos cargos federais têm, em média, 44 anos – dois abaixo da média nacional. O estado fica atrás somente de Tocantins e Mato Grosso do Sul, cujas médias são de 41 e 43 anos, respectivamente, e empatado com Acre e Distrito Federal.

O professor de economia e mercado de trabalho da Unesp, Floriano Camargo, acredita que a média paranaense destoa no ranking dos estados. "Os outros lugares com média mais baixa estão no interior do Brasil ou são estados mais recentes, onde o emprego público funciona praticamente como política de povoamento", explica.

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