A indústria agrícola europeia recebe todos os anos cerca de 41 bilhões de euros em ajuda direta. Além disso, mais de 13,6 bilhões de euros extras foram investidos em programas de desenvolvimento rural, a fim de incentivar a diversificação com o financiamento de projetos de plantio de orgânicos, energia renovável e turismo rural, por exemplo. O dinheiro foi canalizado em projetos dos mais variados tipos. Na Espanha, por exemplo, um fabricante de cascalho recebeu 1,1 milhão de euros e uma compensação de 466 mil euros por instalar fiação e conexões elétricas em sua fábrica.
A Corte Europeia de Auditores, responsável pelo monitoramento dos gastos, criticou esses financiamentos em um relatório recente que também apontou que 4 em cada 10 pagamentos analisados eram "comprometidos por erros".
Após anos de discrepâncias, bilhões de euros ainda são injetados indiscriminadamente no sistema, que ano passado auxiliou uma variedade infinita de beneficiários além dos simples agricultores. No topo da lista estão empresas americanas e europeias de beneficiamento agrícola, empreiteiras espanholas, fabricantes alemães de balas de goma, empresas de buffet para cruzeiros de luxo e riquíssimos latifundiários entre eles a Rainha Elizabeth II, da Grã-Bretanha, e o Príncipe Alberto II, de Mônaco.
Apesar de todas as trocas de favores e interesses especiais, ideias estão surgindo para resolver estes problemas. Uma é o conceito de bens públicos que recompensa agricultores que cumpram os requisitos de respeito ao meio ambiente e os requisitos de bem-estar animal. Outra é uma nova forma de "regulação de mercado", que liberaria dinheiro para os agricultores em caso de uma queda violenta de preços.