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CPI das Bets

Representante do “jogo do Tigrinho” no Brasil diz não saber com quem assinou contrato

Fernando Oliveira Lima
Empresário afirmou à CPI das Bets que contrato é apenas como "agregador do site", mas sem saber quem é o representante legal. (Foto: reprodução/TV Senado)

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O empresário Fernando Oliveira Lima, apontado como um dos representantes do “jogo do Tigrinho” no Brasil, afirmou nesta terça (26) à CPI das Bets no Senado que não sabe com quem assinou contrato. Ele é CEO da One Internet Group (OIG), que hospeda a plataforma de jogo no país.

Em depoimento à comissão, Lima afirmou desconhecer o representante legal do jogo no país mesmo após ter assinado contrato com a parte. Ele disse que apenas negociou com um agregador internacional, sem saber quem assinou o contrato no país.

“Eu não sei quem assina o contrato, a gente pega o serviço de uma empresa internacional que eu não sei quem é. Eu contrato um agregador e hospedo no meu site”, disse. Lima estava, ainda, amparado por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que o liberou de responder a perguntas que pudessem incriminá-lo.

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A CPI investiga irregularidades envolvendo jogos virtuais de apostas online. Durante a sessão, foi apontado que a OIG firmou contrato com a empresa armênia Bet Construct por meio de um representante identificado apenas como “Micael”.

A declaração gerou críticas dos parlamentares, como do senador Marcos Rogério (PL-RO), que apontou Lima como “o primeiro dono de empresa que celebra contratos, mas não sabe com quem está tratando”.

Além disso, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma movimentação suspeita de R$ 1,7 milhão da OIG para uma empresa registrada em nome de uma faxineira de São Paulo. O CEO também disse desconhecer a identidade da mulher envolvida na transação.

A OIG gerencia plataformas de apostas como 7 Games, Betão e R7.bet, todas listadas pelo Ministério da Fazenda como aptas a operar até 2025. Durante o depoimento, Fernando Oliveira Lima confirmou ser proprietário do avião que transportou o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF)  para a festa de aniversário do cantor Gusttavo Lima em um iate de luxo na Grécia, em setembro.

Ele ainda revelou ser amigo do ministro há mais de dez anos, afirmando que se conheceram no Mercado da Piçarra, no Piauí, onde “comiam buchada de bode” juntos.

Na mesma sessão, a CPI aprovou a convocação do cantor Gusttavo Lima, sócio da VaideBet, para prestar esclarecimentos, e do influenciador digital Felipe Neto, mas na modalidade de convite – o que o permite não comparecer à sessão.

A comissão pretende ouvir Lima novamente em 15 dias para detalhar os contratos e transações da empresa. Criada em outubro deste ano, a CPI das Bets, presidida pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), investiga a influência das apostas online no orçamento das famílias brasileiras.

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A CPI das Bets foi instalada há duas semanas para apurar uma possível ligação das empresas com organizações criminosas para a prática de lavagem de dinheiro. A comissão tem a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) como relatora e é presidida pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), com previsão de 130 dias de duração.

Para a senadora, os sites de apostas “são manipulados para a pessoa começar ganhando e, depois de viciada e estar totalmente endividada, ela começar a perder”.

Isso, diz, afeta diretamente o orçamento das famílias brasileiras, como já mostrado em estudos de consultorias de mercado. O plano de trabalho prevê, ainda, traçar um diagnóstico da situação atual, identificando possíveis falhas na regulação e fiscalização das plataformas de apostas.

A CPI trabalhará em oito eixos, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas, direito do consumidor, transações financeiras, impactos socioeconômicos, publicidade e responsabilidade social, algoritmos e transparência nas plataformas, educação e conscientização e impactos sobre a saúde.

“Nós elencamos todas as vertentes: a responsabilidade dos influencers, o crime organizado, a evasão de divisas, o quanto se perde”, completou Soraya.

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