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Ressaca do IPI derruba vendas

Veja gráfico - As alíquotas do IPI serão elevadas mês a mês |
Veja gráfico - As alíquotas do IPI serão elevadas mês a mês (Foto: )

A frase "aproveite os últimos dias de IPI reduzido" foi repetida à exaustão por montadoras e concessionárias de veículos no mês passado. O marketing agressivo funcionou e as vendas cresceram em todo o país, mas hoje o mercado avalia ter exagerado na "tática do susto". A percepção é que, na ânsia de turbinar os resultados de setembro, as propagandas convenceram o consumidor de que o Imposto sobre Produtos Industrializados voltaria com tudo já em outubro – quando, na verdade, está sendo elevado aos poucos. No Paraná, o resultado foi um tombo de 20% nas vendas da primeira quinzena deste mês.Agora, assustados estão os revendedores. Eles convocaram a imprensa para explicar que o reajuste dos preços foi bastante limitado e que, nos segmentos de mercado mais concorridos, montadoras e concessionárias estão até absorvendo o aumento do imposto – e mantendo os mesmos preços de venda do mês passado.

"De fato, houve um exagero na propaganda sobre o IPI, e agora ficou difícil explicar para o consumidor", admitiu ontem Luiz Antônio Sebben, diretor-geral da Fenabrave-PR, representante do varejo de veículos do estado. "O cliente pensa que os veículos subiram 10%. E, na verdade, o IPI passou apenas de 0% para 1,5% em outubro, vai para 3% em no­­vembro, 5% em dezembro e só voltará aos 7% normais em janeiro [no caso de veículos com motor 1.0]. E, mesmo com esse aumento no imposto, o preço continua o mesmo, dependendo o modelo."

"O consumidor parou de nos procurar, mas os revendedores estão abertos à negociação. É melhor diminuir nossa margem de lucro do que deixar de vender. O que nós não suportamos é estoque, que é caro de manter", diz Sebben. Em setembro, as lojas do estado venderam 20,1 mil automóveis e utilitários, número 4% superior ao de agosto. Portanto, se a queda de 20% da primeira metade de outubro persistir, as concessionárias venderão 4 mil carros a menos no fechamento do mês. E vai sobrar carro no pátio.

Helmuth Altheim, diretor da rede Corujão e também da Fenabrave, explicou que, para alguns modelos populares, o imposto representa uma alta de apenas R$ 300 no preço final, que "acaba sendo diluída ao longo de 60 ou 72 meses de um financiamento". Segundo os dirigentes, a taxa de juros dos parcelamentos está até 30% menor que em 2008 – caiu para cerca de 1,35% ao mês, com entrada de 10% ou 20%. Além dessas facilidades, muitos dos carros oferecidos hoje nas lojas foram faturados ainda em setembro. Por isso, podem ser vendidos com imposto reduzido.

Perspectivas

Ao contrário do que ocorre na média brasileira, que registrou aumento de 5,5% nas vendas de janeiro a setembro, no Paraná o mercado de automóveis e utilitários recuou 3,5% no acumulado de 2009. Mas, como a base de comparação do último trimestre é fraca – as vendas de outubro a dezembro de 2008 foram "terrivelmente ruins", segundo Sebben –, a expectativa da Fenabrave é que o mercado paranaense feche o ano com crescimento de 3%.

Para as vendas de motos e caminhões, no entanto, será impossível reverter a queda acumulada até agora, avisou Sebben. Até setembro, as vendas de motos no Paraná despencaram 39% e as de caminhões, 26%. "As dificuldades de crédito derrubaram o mercado de motos. E, no caso do mercado de caminhões, ele depende da atividade econômica, e não da queda do tributo. Como a perspectiva para a economia era ruim, as vendas caíram."

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