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Mercado financeiro

Ressaca no Brasil prosseguirá em 2009

Operadores da BM&F, em São Paulo: mercado travado no segundo semestre | Paulo Whitaker/Reuters
Operadores da BM&F, em São Paulo: mercado travado no segundo semestre (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)

A paralisação do mercado de capitais brasileiro em meio à crise financeira global – após sucessivos recordes de emissões de ações – foi mais forte do que o previsto e continuará em 2009. A sensação no mercado é que, depois da euforia, veio a ressaca. Mais uma vez, como ocorreu em todo o segundo semestre deste ano, a ausência do investidor estrangeiro deverá manter praticamente inexistente a possibilidade de captação de recursos com a venda de ações e dificultar a emissão de dívida corporativa, avaliam profissionais de bancos de investimentos.

"Ninguém imaginava um 2008 tão difícil em qualquer segmento do mercado financeiro", afirmou o responsável por mercado de capitais para América Latina no UBS Pactual, Evandro Pereira. "Novembro foi o primeiro mês em mais de 20 anos que nenhuma emissão de dívida ‘non-investment grade’ foi precificada no mercado internacional, seja ela dos Estados Unidos, Usbequistão, Brasil ou China". Referindo-se à paralisia de agosto até meados de novembro, Pereira lembrou que, pela primeira vez desde a década de 1940, os EUA ficaram mais de três meses sem precificar um IPO (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial). "Isso dá uma demonstração de como foi o mercado", afirmou.

Na Bovespa, o montante captado com ofertas de ações caiu quase 54% este ano, para R$ 34,9 bilhões. Em 2007, tanto o volume financeiro como o número de operações de emissão de ações foram inéditos na bolsa paulista, com um total de R$ 75,5 bilhões envolvendo cerca de 60 empresas, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O volume de recursos captados via bolsa em 2008 voltou ao patamar de 2006, mas a quantidade de empresas que utilizou ações para se capitalizar retornou aos níveis de 2003.

O presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio Castro, não vislumbra uma recuperação no volume das ofertas de ações para 2009. Segundo ele, o mercado só deve esboçar uma melhora mais significativa a partir de 2010. Mesmo assim, a quantidade de operações não deve voltar ao patamar de 2007, considerado por Castro como um ano atípico.

É difícil encontrar um profissional que arrisque um palpite sobre o volume de negócios que será realizado no mercado de capitais no ano que vem. "É uma conta difícil de fazer, já que dependerá muito do ritmo de retomada nos mercados externos", disse a diretora-gerente do Bradesco BBI, Denise Pavarina.

Curiosamente, os maiores IPOs da história do Brasil e dos Estados Unidos aconteceram neste ano. Na Bovespa, a OGX, do empresário Eike Batista, captou R$ 6,7 bilhões em junho. Na Bolsa de Nova Iorque, a oferta pública inicial da Visa Inc. em março movimentou cerca de US$ 19 bilhões.

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