A valorização do dólar não se reverte imediatamente em fator de competitividade para a indústria de máquinas agrícolas no Brasil. O câmbio pode ser favorável no longo prazo, mas o exportador ainda contabiliza a quebra da safra na Argentina e as restrições de crédito, fatores que têm forte peso na decisão sobre investimentos em maquinário. A avaliação é do vice-presidente para máquinas agrícolas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Milton Rego.
"Este movimento não se converte imediatamente em moeda de troca. É preciso ter previsibilidade para se fazer planejamentos com base no câmbio", afirma Rego. Além disso, diz ele, os importadores também sofrem com a restrição de crédito decorrente da crise financeira global e os prejuízos causados pela seca reduzem a capacidade de compra dos produtores.
"A quebra de safra na Região Sul e na Argentina, em função de clima, é um problema. O produtor acaba postergando os investimentos", afirma Rego. O vice-presidente da Anfavea observa que a situação é preocupante, porque a indústria havia se preparado para manter firme ritmo de crescimento. Sem concretizar as projeções, o setor hoje trabalha com alto nível de estoques tanto na indústria como nas concessionárias. "A pressão é muito grande, porque o volume de capital de giro das companhias está reduzido", afirma.
O diretor de Exportação da multinacional AGCO, Duílio De La Corte, concorda que o mercado caminha de lado neste início de ano. "Os estoques nas redes são muito grandes e giram muito lentamente", explica. Em balanço divulgado na última semana, a empresa informou que os sólidos fundamentos da agricultura contribuíram para o crescimento de 30% na receita líquida com as vendas na América do Sul, para US$ 1,5 bilhão. Agora, a companhia trabalha com a perspectiva de que as vendas serão mais fracas que em 2008. A expectativa é que o ritmo da comercialização melhore somente a partir do segundo semestre.
Os dados da Anfavea mostram que as vendas externas de máquinas agrícolas (tratores, tratores de esteiras, colheitadeiras, retroescavadeiras e cultivadores) cresceram 11% em 2008. Foram embarcadas no ano 30,2 mil unidades, contra 27,2 mil registrados no ano anterior. Porém, o levantamento de janeiro revela que a exportação despencou neste início de ano, quando foram embarcados 916 veículos, queda de 52,9% na comparação com igual período de 2007.
Apesar da incerteza que paira no setor, Gilberto Zago, que também é vice-presidente da Anfavea para máquinas agrícolas, lembra que o indicativo de preços para as commodities agrícolas está melhor e os preços de insumos, em especial dos produtos atrelados ao petróleo, estão em baixa. "Os fundamentos para a agricultura global continuam sólidos", afirma Zago. Do total de máquinas produzidas no país, 40% são destinadas ao mercado externo.
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