O resultado das exportações do setor automotivo paranaense nos primeiros cinco meses de 2016 mostra uma recuperação nas vendas externas de automóveis, autopeças e acessórios. A principal responsável por essa retomada é a Argentina, que vem se reabrindo ao comércio exterior desde a posse do presidente Mauricio Macri, em dezembro de 2015. Essa reaproximação tem beneficiado a indústria automotiva paranaense, que tradicionalmente destina grande parte de sua produção para o país vizinho.
INFOGRÁFICO: Veja o peso da Argentina para a indústria automotiva paranaense
Entre os meses de janeiro e maio deste ano, o setor automotivo do estado exportou US$ 495 milhões, US$ 163 milhões a mais que no mesmo período do ano passado. O incremento nas vendas para a Argentina foi responsável por 91% deste crescimento. Nos cinco primeiros meses do ano, a Argentina comprou 62% do total das exportações do setor no Paraná.
Siga o perfil da editoria de Economia no Twitter
Para o gerente de relações internacionais e negócios exteriores da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Reinaldo Tockus, a reinserção da Argentina no comércio exterior tem consequências muito positivas para a indústria paranaense. “A retomada da Argentina pode ser um motivador para as indústrias que estão no mercado e também para quem quer entrar. O governo argentino está favorecendo o comércio exterior, eles retiraram restrições negociais e barreiras foram aliviadas”, diz. Para ele, estas são estratégias interessantes para retirar, tanto o Brasil como a Argentina, da situação econômica em que se encontram.
Além da pauta tradicional de comércio, novos produtos ajudaram a retomada das exportações. Pela primeira vez, a fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais exporta componentes. Eixos traseiros produzidos na planta estão sendo enviados desde abril para a fabricação do SpaceFox na unidade de Pacheco, na Argentina. Na época do anúncio da transação, o diretor da unidade paranaense, Luis Pinedo, afirmou que a exportação das peças para a Argentina representa uma nova oportunidade de negócio para a fábrica de São José do Pinhais que, segundo ele, busca constantemente ampliar sua atuação nos mais diversos mercados.
A retomada das exportações também possibilitou a abertura de vagas no setor, que tem experimentado seguidas demissões. No fim de maio, a Renault anunciou a contratação temporária de 550 trabalhadores para a fábrica de veículos de passeio, no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais. Segundo a montadora, as admissões são para atender a uma encomenda de 8 mil veículos dos modelos Duster, Sandero e Logan. A produção é uma demanda de quatro mercados da América do Sul – Argentina, Chile, Colômbia e Peru.
O mercado externo também tem sido o destino de boa parte da produção de caminhões da Volvo. Atualmente, 35% dos veículos vão para fora do país, especialmente para Argentina, Chile e Peru. Há três anos, este número era de 15%.
Exportações de veículos devem crescer 21% em 2016
No cenário nacional, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê diminuir a produção de automóveis em 18%. Entretanto, de acordo com um relatório divulgado na segunda-feira (06) os fabricantes acreditam em um início de reação do mercado até o fim deste ano. A previsão divulgada pela Anfavea é de que as vendas externas de veículos cresçam 21% em 2016. “No caso das exportações, a busca por novos mercados aliada ao câmbio favorável puxou o número para cima”, avalia Antonio Megale, presidente da instituição.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast