A produção industrial brasileira voltou a terreno negativo em novembro pressionada pela desaceleração na fabricação de automóveis e da indústria extrativa, o que deve deixar para 2013 a esperada retomada da atividade de forma mais efetiva.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem, a produção caiu 0,6% em novembro frente a outubro. "A recuperação não se concretizou e de fato 2012 foi um ano muito ruim para a indústria", avaliou o economista do IBGE André Macedo.
O resultado de novembro anula a alta de 0,1% vista em outubro ante setembro, em dado revisado após ter sido divulgado anteriormente um avanço de 0,9%.
"A retomada industrial esperada no segundo semestre (de 2012) tem se concretizado, mas de maneira não linear, e num ritmo mais lento que as expectativas. Isso acaba jogando a retomada mais efetiva da produção industrial para 2013", previu o economista Rafael Leão, da Austin Rating.
Por outro lado, o resultado foi melhor que a expectativa de economistas. A mediana das previsões de 14 analistas ouvidos pela Reuters indicava que a produção industrial teria recuado 0,9% em novembro ante outubro.
Na comparação com novembro de 2011, a produção caiu 1%, nesse caso pior que a previsão de recuo de 0,8%. Em outubro a produção havia interrompido uma sequência de 13 meses de taxas negativas nesse tipo de comparação ao avançar 2,5%, em dado também revisado.
No ano, a indústria acumula queda de 2,6%. Em 2011, o setor encerrou com crescimento de 0,4%, e a última vez em que a produção terminou o ano com taxa negativa foi em 2009, com queda de 7,4%.
Para o economista sênior do BES Investimentos Flávio Serrano, os resultados fracos aumentam a possibilidade de o governo voltar a agir com a intenção de estimular a atividade. "Qualquer tipo de frustração com o crescimento só aumenta a probabilidade de novas medidas parecidas com aquelas que têm sido feitas, medidas de estímulo setorial", disse ele.
Já em relação à política monetária, acredita Leão, da Austin Rating, ela deve se manter em "parada técnica", com a Selic em 7,25%, pelo menos até julho, quando o BC pode agir com a intenção de fazer a inflação convergir para a meta.