Queda na produção de caminhões contribuiu – e muito – para trazer os resultados da indústria para baixo. Na foto, fábrica dos veículos da Volvo, em São José dos Pinhais| Foto: Marco André Lima/ Gazeta do Povo

"Culpados"

Caminhões voltam a impactar produção de bens de capitalAgência Estado

A queda na produção de caminhões voltou a impactar a fabricação de bens de capital em novembro. O setor de veículos automotores, segundo o IBGE, teve redução de 7,5% em relação a igual período de 2011, puxada pela retração na fabricação de 71% dos produtos investigados na atividade, com destaque para caminhões, caminhão trator, motores a diesel, autopeças, chassis para caminhões e veículos para transporte.

Como resultado, a atividade exerceu a maior influência negativa sobre o total da indústria no período, que registrou recuo de 1%. Nesse mesmo tipo de comparação, a produção de bens de capital caiu 10,3%, com destaque para a queda de 9,8% em equipamentos de transporte. "Há um comportamento bem negativo para bens de capital, que tem relação com essa lenta recuperação na expectativa dos empresários", avaliou André Macedo, do IBGE.

Além das expectativas de empresários, a produção de bens de capital também tem sido impactada pelo cenário internacional conturbado e o menor dinamismo da indústria nacional, segundo Macedo.

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A produção industrial brasileira voltou a terreno negativo em novembro pressionada pela desaceleração na fabricação de automóveis e da indústria extrativa, o que deve deixar para 2013 a esperada retomada da atividade de forma mais efetiva.

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem, a produção caiu 0,6% em novembro frente a outubro. "A recuperação não se concretizou e de fato 2012 foi um ano muito ruim para a indústria", avaliou o economista do IBGE André Macedo.

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O resultado de novembro anula a alta de 0,1% vista em outubro ante setembro, em dado revisado após ter sido divulgado anteriormente um avanço de 0,9%.

"A retomada industrial esperada no segundo semestre (de 2012) tem se concretizado, mas de maneira não linear, e num ritmo mais lento que as expectativas. Isso acaba jogando a retomada mais efetiva da produção industrial para 2013", previu o economista Rafael Leão, da Austin Rating.

Por outro lado, o resultado foi melhor que a expectativa de economistas. A mediana das previsões de 14 analistas ouvidos pela Reuters indicava que a produção industrial teria recuado 0,9% em novembro ante outubro.

Na comparação com novembro de 2011, a produção caiu 1%, nesse caso pior que a previsão de recuo de 0,8%. Em outubro a produção havia interrompido uma sequência de 13 meses de taxas negativas nesse tipo de comparação ao avançar 2,5%, em dado também revisado.

No ano, a indústria acumula queda de 2,6%. Em 2011, o setor encerrou com crescimento de 0,4%, e a última vez em que a produção terminou o ano com taxa negativa foi em 2009, com queda de 7,4%.

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Para o economista sênior do BES Investimentos Flávio Serrano, os resultados fracos aumentam a possibilidade de o governo voltar a agir com a intenção de estimular a atividade. "Qualquer tipo de frustração com o crescimento só aumenta a probabilidade de novas medidas parecidas com aquelas que têm sido feitas, medidas de estímulo setorial", disse ele.

Já em relação à política monetária, acredita Leão, da Austin Rating, ela deve se manter em "parada técnica", com a Selic em 7,25%, pelo menos até julho, quando o BC pode agir com a intenção de fazer a inflação convergir para a meta.