Os ministros das finanças reunidos ontem no FMI se disseram mais otimistas sobre uma conclusão favorável nas tratativas comerciais pendentes na chamada rodada Doha. "Eu nunca vi, nas reuniões do FMI, comentários tão determinados de que é importante que cheguemos a uma conclusão sobre o assunto’’, disse o ministro britânico das Finanças e diretor do Comitê Monetário e Financeiro Internacional, Gordon Brown. Brown afirmou que o novo "estímulo’’ à conclusão das negociações partiu de um aumento de ondas de protecionismo em várias partes do mundo, que pode acabar prejudicando o atual cenário de prosperidade.

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A rodada Doha está travada desde que União Européia e EUA não chegaram a um acordo sobre a redução de subsídios na área agrícola e o acesso de produtos a seus mercados. O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, disse que os americanos "estão preparados a fazer concessões’’. Mas Kamal Nath, ministro do Comércio da Índia, disse que seu país "dificilmente’’ fará concessões para entrada de produtos agrícolas em seu mercado.

Argentina reclama

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A ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, acusou o Fundo de ser um "instrumento’’ da precarização do emprego no mundo ao cobrar de seus países-membros a chamada "flexibilização’’ do trabalho – o enxugamento de leis que muitas vezes garantem direitos trabalhistas. "Antes de advogar mais "flexibilização’, o FMI deveria se conformar com as leis locais e consultar a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Isso até ajudaria o Fundo a ganhar uma legitimidade maior’’, disse, em discurso no Comitê Monetário e Financeiro Internacional do FMI.

Para a ministra, o propósito da redução das leis trabalhistas é maximizar ganhos das empresas internacionais. Miceli atacou ainda o recente discurso do FMI de que estaria havendo um "retorno ao protecionismo’’ em vários países. "O grande volume de desequilíbrios comerciais que vemos hoje só revela a falta de efetividade das ações de monitoramento do Fundo em relação a taxas de câmbio em vários países. Se o problema não é atacado, alguém propõe outra solução. Não surpreende a volta do protecionismo, principalmente nos países que têm a chave para o sucesso das negociações comerciais agora em curso.’’

Há anos o Fundo vem sugerindo que a China, por exemplo, valorize a sua moeda, o yuan, para exportar menos e importar mais. As cobranças, porém, são sempre indiretas e diplomáticas.

Sobre os chamados desequilíbrios globais, Miceli disse que o FMI deveria "dar mais ênfase a políticas que promovam mais distribuição de riquezas a países que ainda estão privados dos benefícios da globalização’’.

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