A retomada do Porto de Antonina, que fecha 2011 como o melhor ano de sua história, movimentando 1,1 milhão de toneladas 47% a mais que em 2004, no auge do porto, e quatro vezes o volume do ano passado , está reaquecendo a economia da cidade litorânea. Empreendedores que atendiam apenas turistas estão reorientando seus negócios, de olho na geração de empregos provocada pelo terminal da Ponta do Félix.
Paulo Pacholeck, presidente da Associação Comercial e Industrial Portuária de Antonina (Acipa), estima que cerca de 40% da movimentação financeira da cidade seja resultado da atividade portuária. Na época do porto parado, a movimentação era praticamente zero e o turismo alavancava a economia. Depois das enxurradas de março de 2011, o turismo entrou em queda, mas ainda é responsável ao menos 30% da movimentação da cidade; o restante vem do dinheiro do funcionalismo público, dos pensionistas e do comércio. "O bom desempenho do porto se reflete diretamente no comércio da cidade. Se tem trabalho no porto, consequentemente há mais trabalho nos mercados, armazéns, casas lotéricas", diz.
Empregos
Hoje, o terminal de cargas de Ponta do Félix emprega diretamente 750 trabalhadores e, indiretamente, mais 300 pessoas na cidade de quase 19 mil habitantes. Nos períodos de baixa, principalmente em 2009, o terminal chegou a ter apenas 170 trabalhadores, de acordo com Jean Rodrigues da Veiga, presidente do Sindicato dos Estivadores local. Nesse período a cidade sofreu um grande impacto financeiro negativo. "A vocação da cidade sempre foi portuária. Em 1780 Antonina já exportava erva-mate. Trabalhar no porto é o que o antoninense sabe fazer de melhor, mas entre 2008 e 2009, quando não havia trabalho, todo mundo teve de se virar", diz Pacholeck.
Nesse período, muitos trabalhadores portuários deixaram a cidade em busca de emprego em lugares como Santos (SP) e Itajaí (SC). Os mais jovens foram tentar a sorte em Curitiba. Para quem ficou em Antonina, o jeito foi fazer bicos na construção civil, serviços de pintura para funcionários da prefeitura e para os aposentados da cidade, ou tentar arrumar um emprego no comércio.
Agora o bom desempenho do porto causa um efeito colateral na cidade: a falta de mão de obra no comércio. O empresário Wilson Clio, que está montando uma panificadora, não consegue encontrar funcionários. "O rapaz que iria trabalhar como padeiro desistiu para trabalhar no porto. Agora estou procurando um novo profissional, mas está difícil", conta. Essa reviravolta na economia trouxe de volta muitos antoninenses que tinham saído da cidade, que também já "importa" mão de obra. O construtor Alexandre da Rosa, po exemplo, saiu de Fazenda Rio Grande (região metropolitana de Curitiba) para trabalhar em Antonina, na reforma do hospital da cidade.