Depois de uma trégua em 2009, o preço dos alimentos tem grandes chances de subir em 2010. A recuperação das cotações das commodities agrícolas, o aumento do consumo da China e a retomada da economia brasileira pressionam os preços, principalmente para os produtos in natura, de acordo com o professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios.
A alta, porém, deve ficar bem longe da registrada em 2008, quando os preços desses itens puxaram a inflação e chegaram a subir 11% contra uma média geral de 5,9%.
Uma estimativa da LCA Consultores projeta uma alta de 5,7% para alimentos e bebidas em 2010, diante de uma média de 4,5% da inflação. "A previsão é que esses produtos fiquem entre 0,5 e 1 ponto porcentual acima da inflação como um todo", afirma o analista Fábio Romão.
O crescimento mais forte em 2010 e o aumento do consumo também criam um ambiente para alta dos preços de serviços, como educação, planos de saúde e passagens aéreas. As operadoras de saúde já sinalizam reajustes maiores por causa do aumento dos custos atrelados à gripe H1N1, também conhecida como gripe suína. As escolas particulares do Paraná preveem um aumento de 4,5% a 7% nas mensalidades para o próximo ano. O presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), Ademar Batista Pereira, afirma que as escolas sofreram os efeitos da crise mundial e da gripe, com aumento de custos, dos índices de evasão e de inadimplência.
Outra fonte de pressão virá das passagens aéreas. Algumas companhias já anunciaram que devem reajustar seus preços para recompor margens perdidas com a guerra de tarifas. Gasolina e álcool vêm subindo nos últimos meses, mas os analistas são cautelosos em afirmar que haverá uma disparada da cotação. "O preço do barril de petróleo não deve voltar aos patamares anteriores à crise", diz Romão, da LCA.