Livre das sanções econômicas e financeiras impostas durante quatro anos, as exportações iranianas sem restrições podem levar os preços do petróleo a um patamar ainda mais baixo do que os US$ 30 por barril alcançados nesta semana, o menor nível em 12 anos.
O país, membro da OPEP, disse que espera aumentar as exportações em 1 milhão de barris por dia em até sete meses e regressar ao patamar de 3,4 milhões em um ano, enquanto analistas estimam um incremento entre 200 mil e 500 mil barris por dia nos próximos seis meses.
“O Irã está agora livre para vender todo o petróleo que quiser, a quem quiser e pelo preço quiser”, apontou Richard Nephew, do Centro Global de Política Energética da Universidade de Columbia.
No entanto, embora o Irã seja agora capaz de exportar petróleo em todo o mundo — e não apenas a um punhado de países como foi permitido sob as sanções internacionais — outras restrições podem atrasar o retorno das empresas de energia.
“Como um motor que foi ligado depois de um longo tempo em estado de espera, ele não funciona como costumava em um instante”, disse um executivo iraniano do setor portuário ao “Financial Times”. “Desde nossos sistemas bancários e de pagamentos até operações de marketing, tudo isso ainda vai levar tempo.”
Fontes dizem que há cerca de 24 navios petroleiros, com capacidade para 50 milhões de barris, esperando na costa iraniana para voltar às atividades. Teerã espera enviar cerca de 200 mil barris por dia a compradores na Grécia, Espanha e Itália. Contratos de venda de cerca de 500 mil barris por dia já foram fechados na Turquia, Índia e África do Sul, entre outros, acrescentou uma fonte ao “FT”.
Investimentos
No longo prazo, o país precisa atrair pelo menos US$ 100 bilhões em investimentos estrangeiros e novas tecnologias para resgatar sua indústria de energia doméstica. É um grande prêmio para grupos de energia que querem explorar as vastas reservas do Irã, estimadas em 260 bilhões de barris. Representantes de empresas como Total, Eni e Mitsubishi foram a Teerã nos últimos meses.
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Leia a matéria completaApesar da maior oferta num mercado já saturado, alguns agentes do mercado dizem que a suspensão das restrições ao Irã era tão esperada, e portanto já refletida nas bolsas, que a oscilação de preço deve ser pequena.
“O acordo com o Irã não deve ser uma surpresa para o mercado, como foi esperado por um longo tempo. Eu diria que já se reflete nos preços”, defendeu Amrita Sen, da consultoria Energy Aspects.
A agência nuclear da ONU disse no sábado que Teerã cumpriu os compromissos acordados para reduzir seu programa nuclear, e os Estados Unidos revogaram imediatamente as sanções que reduziram as exportações do país a pouco mais de 1 milhão de barris por dia contra 2 milhões de barris em 2011.
Bolsas em queda
O retorno do Irã ao mercado também derrubou neste domingo as bolsas de valores de países do Golfo Pérsico com a reação de investidores no primeiro dia de negociação da semana muçulmana. A bolsa da Arábia Saudita, caiu 5,4%, a do Qatar despencou 7,2%, a de Dubai, 4,6%, e a dos Emirados Árabes, 4,2%. Essas bolsas são dominadas por empresas de energia, que temem que o preço do petróleo caia ainda mais quando o país retomar as exportações.
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Leia a matéria completaO Tadawul All Share Index da Arábia Saudita, o maior mercado da região, caiu durante a negociação para o menor nível desde o início de 2011, fechando em 5.520 pontos. O ministro do petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi disse que levaria “algum tempo” para restaurar a estabilidade do mercado mundial de petróleo, mas acrescentou que está otimista.
A bolsa de Teerã, que vive tensões diplomáticas com os sauditas, em contrapartida, subiu 0,9%, com a perspectiva de melhorias econômicas. O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou que espera ver o país crescendo 5% em 2016.
O alívio das sanções dará Irã acesso a bilhões de dólares em receitas de petróleo congeladas em bancos no exterior. Este é o dinheiro que o país xiita pode potencialmente utilizar para reforçar a sua economia, mas também para aumentar o apoio de seus aliados regionais, o que os sunitas da Arábia Saudita e seus aliados temem.
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