O presidente da Bolívia, Evo Morales, logo depois da reunião de mais de três horas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina) em Puerto Iguazú, disse que os líderes da região respaldaram seu decreto de nacionalizar os hidrocarbonetos do país, em um marco de integração de toda a América do Sul, ressaltando que a decisão da Petrobras de suspender seus investimentos naquele país poderia não ser definitiva.
Segundo ele, o principal resultado do encontro foi o apoio recebido, expressado em garantias de mercado e de preços justos. No entanto, segundo analistas, a reunião de quinta-feira serviu apenas para fortalecer a posição de Evo Morales e, por trás dele, Hugo Chávez.
Ao ser indagado sobre uma aparente contradição entre o apoio do presidente Lula e o anúncio de suspensão dos investimentos no país por parte da Petrobras, Morales disse:
- Acima das empresas está o presidente. A última palavra tem que ser do presidente.
Morales garantiu ter dado aos colegas do Brasil e Argentina garantias plenas de normalidade no fornecimento de gás natural.
- Nunca pensamos em desabastecer nenhum país de gás, não seríamos tão irresponsáveis. A partir do momento em que o povo boliviano pensa em recuperar suas riquezas, pensa também em como garantir, não apenas como cobrir o mercado interno, mas também ampliar volumes de exportação.
Em relação aos preços, Morales mantém uma "clara posição de melhorar o preço do gás e acredita que a questão não será resolvida sob o conceito de "preço solidário" a favor dos compradores, mas levando em conta a situação econômica dos distintos países, produtores e consumidores.
Apesar de todas as "garantias" dadas por Morales, a colunista Miriam Leitão, disse que a semana foi desastrosa para a diplomacia brasileira e que a reunião entre os presidentes "foi inacreditável". Segundo ela, o Brasil foi o maior derrotado.
Mesmo com a garantia de que não haverá desabastecimento, o consenso de mercado é de que tudo pode acontecer, disse Miriam Leitão.