Embora tenha afirmado por diversas vezes que a presidente Dilma Rousseff ainda não decidiu se vetará a emenda que flexibilizou o fator previdenciário, o ministro da Previdência, Carlos Gabas, disse nesta segunda-feira (15), que a manutenção da fórmula aprovada pelo Congresso “inviabilizaria” o sistema previdenciário nacional e geraria uma despesa trilionária para os cofres públicos.
O ministro apresentou ainda números que devem embasar um provável veto às modificações – caminho visto nos bastidores como a decisão que deve ser tomada por Dilma.
Nos próximos 15 anos, disse Gabas, o gasto extra do governo com as aposentadorias pode bater nos R$ 185 bilhões. Até 2060, a projeção é de R$ 3,22 trilhões.
Gabas participou de reunião com dirigentes de centrais sindicais e com os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral). O encontro não agradou aos sindicalistas, que saíram do Planalto inflexíveis na defesa da sanção da emenda e prometeram trabalhar no Congresso pela derrubada de um eventual veto.
Em entrevista coletiva, Gabas assegurou que até quarta-feira (17), prazo final para a manifestação de Dilma, será apresentada uma proposta alternativa do governo para resolver a questão do fator previdenciário, com termos mais duros, no entanto, do que a medida avalizada pelos deputados e senadores.
“Essa solução (flexibilização do fator) agrava a situação da Previdência Social”, declarou. A manutenção da norma pela qual uma pessoa pode se aposentar com pensão integral quando a soma de sua idade e do tempo de contribuição alcançar 85 (para as mulheres) ou 95 (para os homens), disse o ministro, levará a uma “situação insustentável até 2060”.
Gabas argumentou que o governo já tinha estudos sobre a sustentabilidade da previdência, mas que a aprovação da emenda no Congresso, que cria a regra 85/95, antecipou o debate. “A aprovação da emenda antecipa uma discussão de uma forma que para nós é insustentável porque ela não abrange toda a discussão que nós fizemos com as centrais sindicais”, afirmou.